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O que, na realidade, está faltando na Saúde em Caçador?

Olá amigo leitor, estive observando que a questão da saúde em nosso município está em pauta em grande parte das discussões formais ou informais. Neste sentido gostaria de dar uma pequena contribuição filosófica sobre tudo isso!

Penso que, definitivamente não é apenas a estrutura ou o salário que devem ser repensados na área da saúde, mas algo muito mais simples que pode ser um instrumento da valorização desta área. Para entendermos melhor isso, vamos visualizar o profissional da medicina.

Quantos médicos estão se desvirtuando da sua missão para se concentrar apenas na ação? São incansáveis nos esforços para cumprir todas as etapas estafantes necessárias à meta de se formar e poder exercer sua profissão: ensino fundamental e médio, cursinho pré-vestibular, seis anos de faculdade, mais alguns anos de residência e especializações. Mas quando atingem seu objetivo, quando cumprem a missão que os inspirou; nesse momento em que eles deveriam dizer “Muito bem, agora posso ser o que tanto lutei para ser”, muitas vezes se perdem e empreendem uma nova jornada, tão estafante quanto recuperar os anos de investimento!

Qual é a primeira missão de um médico se não a de lutar pela vida e promover a saúde e o bem-estar? No entanto, não é essa a “missão” à qual uma parte se dedica quando finalmente recebe a chancela para praticar a profissão.

Acredito no dia em que alguns médicos altamente atualizados em termos de tecnologia voltem a ser médicos altamente especializados também em termos de humanidade. Sonho com o dia em que esses médicos resgatem sua missão do limbo em que ela foi afundada.

Neste dia, talvez estes médicos voltem a enxergar seus pacientes como seres inteiros, e não mais como um conjunto de órgãos recobertos por pele. Talvez os médicos passem a olhar os pacientes com o olhar da contemplação, o olhar que permite sentir e não apenas enxergar! Só que para isso, grande parte desta classe ainda vai ter de praticar muito o senso de humildade, valorizando mais o humano e menos o dinheiro!

Quando isso acontecer, no momento em que o paciente entrar em seu consultório, ele dará toda a atenção que ele merece como ser humano e talvez descubra que, em muitos casos, o paciente precisa apenas de uma pequena dose de atenção e umas gotas de tempo. Simples assim, porque a atenção é algo cada vez mais raro no mundo de hoje.

Neste dia, quando você, seu filho, seu pai, ou seu irmão precisarem de um médico, talvez possam contar com alguém que consiga olhar além dos resultados dos exames. Um médico capaz de olhar o paciente nos olhos, ler sua expressão facial e corporal, perguntar com interesse real sobre sua vida, seus hábitos e rotinas, prestando atenção ao seu tom de voz e aos seus gestos. Até porque o que deveria ser corrigido é a causa da doença e não apenas seus sintomas!

Resumidamente, penso que a forma de recuperar a saúde em Caçador, não é somente com mais dinheiro (pois cada vez vai se ter a necessidade de mais) e não é apenas com a infra-estrutura (pois não adianta ter tecnologia e muitos hospitais se as pessoas que trabalham neles não entendem o verdadeiro valor da vida), mas sim, iniciarmos com a humanização de todos profissionais desta área. Talvez, este seja o primeiro passo para  conduzir a saúde em Caçador, no rumo da saúde efetiva e não mais no caminho da doença.

Um grande abraço a todos e fiquem em paz.

Júlio César Moschetta da Silva


Júlio César Moschetta da Silva

Graduado em Engenharia Ambiental, especialista em Educação Ambiental e Gestão de Recursos Hídricos. Atuante em Conselhos Municipais em Caçador, Comitê da Bacia do Rio do Peixe e OnG Gato do Mato. Na coluna Mundo Novo Júlio escreve sobre assuntos ambientais, relacionando o tema com o desenvolvimento humano. Também aborda assuntos de caráter filosófico, abrindo discussão sobre a consciência humana.

julionatural@yahoo.com.br