Vamos viver enquanto estivermos vivos
“Olá Lidiane. Sou um senhor de 62 anos, morador do bairro Gioppo. Você não deve lembrar de mim mas te conheço desde que seu irmão tinha mercado aqui perto da Pista Olímpica. Você ainda era uma menina e já ajudava seu irmão. Acompanho seu trabalho na imprensa há muito anos mas, passei a ser seu leitor fiel quando começou a escrever as crônicas sobre relacionamento. Como sou um homem bastante vivido, muitas das histórias que relatou até hoje tem muito a ver comigo. Quase todas o chapéu serve direitinho. Sabe Lidiane, estou sozinho há mais de 10 anos mas, por opção, porque se eu quisesse teria para escolher candidatas a minha nova mulher. Não que eu seja um garanhão, que eu esteja com essa bola toda, porque estou longe de ser um homem tão atraente assim, e também não tenho tanta beleza, nem dinheiro a ponto de me tornar um bom partido, justifico essa avalanche de mulheres ao fato delas serem muito carentes. Sabe doce Lidiane, minha rotina é normal, como a de qualquer pessoa que quer viver. Freqüento os bailes da melhor idade em vários bairros da cidade, saio fazer caminhadas, viajo e nas horas vagas trabalho (Brincadeirinha – trabalho mesmo, cuido da casa, da horta, vou para o sítio, sempre acho com o que me ocupar). Procuro ter uma vida bem ativa. Vivo intensamente essa fase da minha vida, vivo cada dia como se fosse o último. Lidiane, se eu quisesse poderia me aproveitar da ingenuidade das mulheres da minha idade, mas não é a minha prioridade, além do que não tenho mais o mesmo gás de quando era mais jovem. Tenho que ser realista, com o passar dos anos acontecem muitas mudanças em nossa vida, em nosso corpo. E, foi por essas mudanças que me separei de uma jovem mulher com quem vive durante cinco anos. Na verdade, foi ela que pediu a separação e por mais que eu gostasse dela aceitei sem questionar muito. Ela é 37 anos mais nova do que eu e já está vivendo com um homem apenas três anos mais velho. Te confesso, no começo sofri muito por causa da separação, mas já superei. Como ela buscou sua felicidade eu também estou buscando a minha. E vejo no encontro do amor a felicidade plena. Quando amamos e somos amados nos sentimos mais leves. Tudo flui melhor, tudo acontece de uma maneira mais fácil. Homem também sofre por amor e também sonho em encontrar o verdadeiro amor. Nós não vivemos só de aventuras. Sabe Lidiane as pessoas, quando mais novas, acham que a idade no relacionamento homem/mulher não faz diferença, mas no futuro, queira ou não, essa diferença, interfere na relação, sim. Pode ter exceção, mas normalmente o fim é a separação. E esses relacionamentos, na grande maioria, são entre uma jovem mulher com um senhor de idade. Mas hoje, EU, sem dúvida nenhuma, prefiro as mulheres na minha faixa etária. E assim que o coração bater mais forte vou sim, investir numa nova relação. E, pode ter certeza, não vou cometer os mesmos erros que cometi no passado, hoje vejo que poderia ter evitado mágoas e desgastes. Eu poderia ter saído da relação com minha primeira mulher, a mãe dos meus filhos, amigavelmente. Fiz ela sofrer demais porque a trai, a desrespeitei e esses foram os meus maiores erros. Se eu não há amava mais deveria ter me separado antes de perder sua confiança, seu respeito e admiração. Porque ela via em mim o seu porto seguro e quando ela descobriu tudo que aprontei, ela perdeu o chão. Naquele momento não tinha estrutura para encarar a vida sozinha. Mas, mesmo assim, foi forte e tirou de letra tudo aquilo que parecia ser o fim. Na verdade foi o recomeço e uma vida nova. Fico feliz por ela ter se encontrado novamente e por estar bem e feliz. Fica aqui a minha história para que, principalmente, os homens reflitam sobre suas atitudes, suas escolhas. Um abraço forte.” R – Gioppo
Olá R! Primeiramente obrigada pela confiança. Que responsabilidade a minha falar para uma pessoa mais experiente, mais vivida do que eu. Sabe R, o tempo pode nos tirar a beleza e a jovialidade, mas em compensação ganhamos um vasto conhecimento e não estou falando de formação acadêmica, estou falando das experiências de vida. Por isso tire uma lição de tudo o que viveu e passe suas experiências para frente.
Amigo, um dia ouvi do André Marques, apresentador do Vídeo Show, a seguinte frase: “quando somos adolescentes temos saúde, tempo, mas não temos dinheiro. Quando entramos na fase adulta temos saúde e dinheiro, mas não temos tempo. E quando chegamos à melhor idade temos tempo e dinheiro e não temos saúde.” Essa é a mais pura realidade, portanto vamos mudar esse quadro. Vamos viver diferente, vamos encarar a vida de uma forma mais leve. Como disse Wallace, do filme Coração Valente: “muitos homens morrem, mas nem todo homem vive.” Por isso gente, vamos viver enquanto estivermos vivos.
Meu caro, a vida é feita de erros e acertos. E, às vezes, é melhor se arrepender do que fez, do que ficar com a eterna dúvida de que se eu tivesse tentado.
Na semana passada publiquei na Revista IDEIA, um artigo que recebi por e-mail, encaminhado pela minha amiga Tarsila Orsi, para quem não leu vou publicá-lo de nova. Confira os ensinamentos de Sérgio que escreveu para Max Gehringer: "Prezado Max, meu nome é Sérgio, tenho 61 anos e pertenço a uma geração azarada:
- Quando era jovem as pessoas diziam para escutar os mais velhos, que eram mais sábios.
- Agora dizem que tenho que escutar os jovens, porque são mais inteligentes.
Na semana passada li numa revista um artigo no qual jovens executivos davam receitas simples e práticas para qualquer um ficar rico. E eu aprendi muita coisa... Aprendi, por exemplo, que se eu tivesse simplesmente deixado de tomar um cafezinho por dia, durante os últimos 40 anos, eu teria economizado R$ 30.000,00. Se eu tivesse deixado de comer uma pizza por mês, teria economizado R$ 12.000,00 e assim por diante. Impressionado, peguei um papel e comecei a fazer contas, então descobri, para minha surpresa, que hoje eu poderia estar milionário.
Bastava não ter tomado as caipirinhas que tomei, não ter feito muitas das viagens que fiz, não ter comprado algumas das roupas caras que comprei e, principalmente, não ter desperdiçado meu dinheiro em itens supérfluos e descartáveis.
Ao concluir os cálculos, percebi que hoje eu poderia ter quase R$ 500.000,00 na conta bancária.
É claro que eu não tenho este dinheiro. Mas, se tivesse, sabe o que este dinheiro me permitiria fazer?
Viajar, comprar roupas caras, me esbaldar com itens supérfluos e descartáveis, comer todas as pizzas que eu quisesse e tomar cafezinhos à vontade. Por isso acho que me sinto absolutamente feliz em ser pobre.
Gastei meu dinheiro com prazer e por prazer, porque hoje, aos 61 anos, não tenho mais o mesmo pique de jovem, nem a mesma saúde. Portanto, viajar, comer pizzas e cafés, não faz bem na minha idade e roupas, hoje, não vão melhorar muito o meu visual!
Recomendo aos jovens e brilhantes executivos que façam a mesma coisa que eu fiz. Caso contrário, chegarão aos 61 anos com um monte de dinheiro em suas contas bancárias, mas sem ter vivido a vida".
"Não eduque o seu filho para ser rico, eduque-o para ser feliz. Assim, ele saberá o valor das coisas, não o seu preço."
Por isso amigo R. eu insisto em dizer que temos que fazer hoje, viver o hoje. Como falou em uma entrevista o meu amigo psicoterapeuta Paulo Meireles: “a melhor maneira de estarmos em dia conosco e com os demais, é estarmos pronto hoje, ou seja, precisamos compreender que se não houver amanhã, já amamos hoje, já abraçamos hoje, já perdoamos hoje, enfim... entender que o amanhã não existe ainda. Estando bem hoje, nosso amanhã será muito melhor. Ontem já passou... amanhã ainda não chegou... só temos hoje... Portanto, vamos fazer já!”
Portanto amigo R. não se condene. Devemos evitar alguns erros? Sim. Como por exemplo, não brincar com os sentimentos dos outras, não trair sua confiança, para que se um dia quiser voltar atrás, as portas estarão abertas. Sabe a política da boa vizinhança? É isso que quero dizer. Todos temos o direito de ser feliz. Mas não temos o direito de magoar as pessoas e apunhalá-las pelas costas. Eu sempre digo: a gente só leva invertida de amigo, porque de inimigo a gente não dá oportunidade, está sempre com um pé atrás.
Por isso querido R. não te condeno pelos seus erros. Quem sou eu para julgar. Conheço "n" casos igualzinhos ao seu de homens que aprontaram todas durante a sua fase `PRODUTIVA´ ou ‘Re-produtiva’ e quando a velhice chegou se viram sozinhos. Sem família, sem mulher, sem os filhos, sem amigos, sem dinheiro, NÃO por causa das suas escolhas, MAS, pela forma como fez suas ESCOLHAS.
R. podemos casar e descasar várias vezes ao longo da vida, mas devemos procurar sair da relação antes mesmo do desgaste, das ofensas, das discussões, das traições. Ninguém precisa e merece disso. Afinal, nos amamos e nos desejamos por um determinado tempo, fomos uma só pessoa enquanto existiu amor. Então, por que não preservar o que foi vivido de bom juntos?
Amigo R. você cresceu, amadureceu, está com uma cabeça boa. De nada adianta ter 100 anos ou querer viver 100 anos se não evoluirmos como seres humanos. À duras penas você aprendeu e está vivendo de forma correta. Como disse o palestrante Carlos Hilsdorf, no último sábado (11), no Seminário Contabilidade em Evolução, organizado pelo Escritório Contábil Bertotto: “tem gente que gostaria de viver até 100 anos, mas vive reclamando, não aproveita a vida, não faz a que lhe dá prazer. Daí eu lhe pergunto: pra quê viver tanto?” Por isso mais uma vez eu te digo: VIVA, viva o hoje, seja feliz hoje, mesmo cometendo alguns deslizes. Pense nisso!
Com carinho,
Lidiane Cattani Rabello - jornalista