Amiga da Onça
“Oi Lidi. Onde está você? Faz duas semanas que não posta nenhum artigo. Abro todo o dia o site para ver se tem algum material novo seu e nada. Abro o jornal Folha da Cidade e nada. O que aconteceu? Não me diga que parou de responder nossos e-mails! Por favor, não faça isso!
Eu e todas as minhas amigas lemos seus artigos sempre. Não perdemos um. Somos sua fã de carteirinha. Adoro o seu jeito de falar e ser. Mas amiga, agora chega de rasgação de seda e vamos ao que interessa, quero que me diga se fiz certo. Lidi, não sou nenhuma jovenzinha, já estou com meus quarenta e uns, sou separada e tenho dois filhos pequenos.
Sou uma funcionária pública que me viro tranquilamente com meu orçamento. Há pouco tempo eu estava precisando contratar uma babá para ficar, pelo menos, meio período com meus filhos. Não conseguia alguém que desse certo de jeito nenhum. Até que conheci, por acaso, um jovem rapaz que estava procurando trabalho. Conheci ele por coincidência na fila de um banco. Enquanto esperávamos a nossa vez começamos a conversar. Achei ele um jovem atraente, mas nunca me passou pela cabeça, um dia se quer, a hipótese de me envolver com um homem mais jovem, bem mais jovem do que eu. Antes de sermos atendidos ele pediu o número do meu telefone.
Eu dei, mas, por educação, porque o que eu teria para conversar com esse jovem rapaz depois que eu saísse daqui? No dia seguinte, lá pelas 9 horas, toca o meu telefone e adivinha quem? Ele. O rapaz que conheci no banco. É claro que reconheci na hora, afinal como não iria lembrar aqueles olhos verdes, daquele porte másculo. Adivinha o que ele queria? Se oferecer para cuidar dos meus filhos. Pediu a vaga de babá. Eu quis relutar mas meu sexto sentido falou mais alto. Como eu precisando urgentemente de alguém para cuidar dos meus filhos, acabei aceitando. Mas, como disse pra ele, é uma decisão provisória, até que eu encontre uma babá de verdade. No mesmo dia ele foi lá em casa para conhecer as crianças.
Na época, o menino estava com 6 anos e a menina com 8. Eles adoraram o P. Ele leva muito jeito com criança. Ah! O P. tinha 20 anos de idade quando nos conhecemos. Bom, no dia seguinte ele começou a cuidar das crianças. A cada dia que passava meus filhos gostavam mais e mais do P. Um certo dia cheguei em casa com dois ingressos que ganhei para assistir ao show do Paulinho Mixaria. Como não saio há muito tempo, ofereci os ingressos para o P. ir com a namorada ou com quem quisesse. Até então não tínhamos falado de nossas vidas pessoais, sobre mim ele sabia apenas que fui casada por sete anos e dele eu não sabia nada, pelo menos sobre o fato dele ter ou não alguém. Ele pegou os ingressos e pediu se eu gostaria de ir com ele no show, afinal, eu estaria em casa sozinha, porque meus filhos passariam o final de semana com o pai. Acabei aceitando. Lidi, foi uma noite incrível, nunca ri tanto em minha vida, nunca me senti tão leve. O P. é ótimo! Meu ex-marido nunca fez eu me sentir assim, era sempre muito grosso, estúpido, indelicado e insensível. Criticava tudo, só reclamava e adorava fazer eu me sentir um lixo. Tanto que nos últimos anos de casamento nós não íamos a lugar algum. Depois daquela noite comecei a ver o P. como homem, apesar da diferença de idade. Mas eu procurava não demonstrar interesse algum. Imagina que um jovem como ele iria me ver como mulher! Num outro final de semana ele me chamou para jantar e eu fui. Lá no restaurante um empresário muito importante chegou para ele e disse: P. queríamos tanto você trabalhando conosco, por que não aceitou a vaga? Ele agradeceu e disse que já estava trabalhando. Naquele instante caiu a ficha. Vi que P. desde o início estava interessado em mim. Que ele quis a vaga de babá só para ficar mais próximo. Naquela noite ao chegarmos em casa tivemos uma linda, quente e deliciosa noite de amor. Foi maravilhoso Lidiane! Começamos a namorar naquele dia. Meus filhos adoraram a ideia, afinal, eles adoravam o P. e o P. gostava realmente de crianças e cuidava perfeitamente dos meus filhos. Lidi, estávamos vivendo bem e muito felizes. Conhecemos toda a sua família e passamos a conviver harmoniosamente. Ninguém torceu o nariz por causa da diferença de idade, pelo contrário, todo mundo me recebeu de braços abertos. Lidi, tudo em nossas vidas estava perfeito se não fosse à intervenção da minha melhor amiga. Adivinha o que aconteceu? Ela começou a dar em cima do P. descaradamente. Ela é bem mais jovem do que eu, linda, bem sucedida, inteligente, mas, pra ela o lema é o seguinte: caiu na rede é peixe.
Ela traça todos. Não respeita ninguém. Nem eu que era sua melhor amiga. Só não dava para o sapo porque não sabe reconhecer quem era macho e quem era fêmea. Várias vezes flagrei ela se jogando em cima dele, várias vezes se insinuando. Ela chegava lá em casa de shortinho e sentava com as ‘pernonas’ abertas. Era eu sair de casa que ela dava um jeito de fazer de conta que estava atrás de mim só para encontrar ele. Várias vezes ela ia lá em casa mesmo sabendo que eu não estava. Lidi, isso foi me cansando. Eu sei que não era culpa dele, que ele me respeitava, que não dava mole pra ela, que não cedia as suas investidas, mas, um dia me olhei bem no espelho e decidi. Chega de bancar a jovenzinha, Maria Eugênia. Daqui a pouco vou estar com cinqüenta e ele apenas 25 e vou acabar quebrando a cara, porque vou estar velha e ele um jovem homem lindo e cheinho de vitalidade. Lidi, sei que sou uma linda mulher, mas, vou envelhecer como todo mundo e, pior, bem antes dele. Por isso decidi por um fim nesse romance mesmo com o coração partido. Senti que era preciso deixar ele viver a vida. Era injusto eu querer que ele deixasse de curtir e conhecer outras jovens mulheres. No dia seguinte pedi para que interrompêssemos nossa relação. Nossa Lidi, foi duro! Doeu muito. Para tirá-lo da minha cabeça e do meu coração mergulhei no trabalho, nos estudos e continuei minha vida tranquila com meus filhos. E ele? Ele hoje está com 25 anos.
Durante esses cinco anos viajou o Brasil fazendo trabalhos voluntários em comunidades carentes. Faz alguns meses que voltou para Caçador. Só que ele não veio sozinho. Ele agora tem um filho. Sim, ele adotou um menino, que hoje está com sete anos. Conheci a criança outro dia num restaurante quando estava almoçando com meus filhos. Ele chegou com seus pais e a criança e acabamos sentando juntos. Sua mãe deixou escapar que o P., nestes cinco anos, nunca deixei de querer saber notícias minhas e durante o almoço ficou claro que o nosso amor continuava intenso como naquele dia que decidi interrompê-lo. Ai Lidi, nós voltamos e estou tão, mais tão feliz que tenho até medo dessa felicidade. Será que fiz certo?”Maria Eugênia – Centro
Hehehehe. Claro que agiu certo, amiga. Meu Deus, que história linda! Cheguei a me arrepiar. Fico muito feliz por vocês. Eugênia, o que é o tempo, não é mesmo, amiga! Acredito muito em destino e também que o que é da gente está guardado. Não importa o tempo que passe, o universo se encarrega de juntar as pessoas no tempo certo em que é para acontecer. E a história de vocês mais uma vez comprova isso.
Amiga mais uma vez vou citar Mário Quintana: “O Tempo - Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com uma outra pessoa, você precisa, em primeiro lugar não precisar dela. Percebe também que aquela pessoa que você ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você, definitivamente, não é o homem ou mulher da sua vida. Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você. O segredo é não correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até você. No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você.”
Eugênia tenho essa mensagem como uma oração. Ela me deu um norte e a partir dela parei de procurar. Parei de ver todo homem que demonstrasse interesse por mim como um possível futuro candidato a namorado. Essa mensagem serve pra mim, pra você e para todas que estão sofrendo por amor, já sofreram ou ainda vão sofrer. Sei que ela não tira a dor do amor, porque cada um vive esse momento (essa dor) a sua maneira e também sofre o tempo que acha que tem que sofrer. Depois, com o TEMPO, tudo PASSA e vemos que TUDO serviu como uma grande lição de vida e que precisamos sempre ver o lado bom dos acontecimentos.
Sabe Eugênia o bom de tudo isso é que chega um dia em que olhamos para traz e vemos que sobrevivemos e vencemos. E nessa batalha VOCÊS venceram. O amor VENCEM e sobreviveu, mesmo vocês afastados todo esse TEMPO. Sabe por quê? Porque você estava predestinada a fazer parte da vida do P. e ele da SUA. Por isso o universo conspirou a favor de vocês. Esse é o segredo.
Mas agora Eugênia vamos falar um pouco de amizade. Vamos combinar, mas, você também tem um dedo podre para amizade, não é mesmo amiga? Bom, não posso falar muito porque também nunca tive muitos VERDADEIROS amigos, na verdade minha única e verdadeira amiga é minha mãe.
Sabe Eugênia ao longo da minha vida aprendi a duras penas que devemos cuidar muito o que falamos e principalmente para quem falamos. Depois de levar várias invertidas tenho algumas regras que sigo e que vou dividir com você e com todos que lerem esse artigo. Portanto, anote aí:
- Nunca conte um segredo para sua MELHOR AMIGA, porque sua MELHOR AMIGA também tem outra MELHOR AMIGA e, seu segredo provavelmente vai ser passado adiante;
- E MAIS... Nunca acredite no que sua “melhor amiga ou parente” falar algo que alguém falou a seu respeito, PORQUE pode ser que quem tenha dito seja essa própria pessoa;
- E complemento: Tudo que pensamos e falamos de alguém é REFLEXO do que SOMOS ou QUEREMOS SER;
- E amiga, sabe qual a melhor arma que essas pessoas usam para acabar com o ‘INIMIGO’ (No caso a pessoa que INVEJAMOS – QUE queríamos ser IGUAL)?
CLARO que É DETONANDO essa pessoa, falando MAL – falando ABSURDOS – MENTIRAS – INVERDADES. Por isso amiga (os), NÃO acredite (m) em tudo que OUVE.
Eugênia, eu já passei por situação semelhante a sua, não uma, mas, várias vezes, e a melhor solução é cortar o mal pela raiz. Sempre digo: Se afaste de cobra se não quiser ser picada. Sabe amiga, aprendi com o passar do tempo que caráter, valores, princípios não se compra numa gôndola de supermercado e a pessoa que tem má índole, vai ter má índole sempre é só uma questão de OPORTUNIDADE. E se essa AMIGA DA ONÇA ainda não pisou na bola com você se prepara, porque mais cedo ou mais tarde isso vai acontecer. Eu gosto muito dessa frase: a gente só leva invertida de amigo, porque para o inimigo a gente não dá oportunidade.
Amiga, quanto a essa neura que você tem com relação à diferença de idade o que eu tenho a dizer é: DESENCANA. Tem muito rapazinho por aí dando chapéu em muito homem que consideramos ‘maduros’. Conheço muito jovem MUITO mais maduro, responsável e comprometido do que muitos barbados por aí. E o seu P. demonstrou ser um desses jovens que realmente vale à pena se relacionar. E sabe o que é melhor de tudo isso: ELE TE AMA e ama seus filhos, e melhor, tem um coração enorme, prova disso é esse filho que ele assumiu sozinho. Qual o homem barbado que faz isso? Qual o homem que adotaria uma criança sem uma mulher (esposa) para cuidá-la? A grande maioria só sabe sair por aí fazendo filho sem responsabilidade e, PIOR, na hora que são chamados para a responsabilidade correm longe. Pra mim, homem que é homem assume suas responsabilidades. E hoje, a maioria só pensa no seu bel prazer. E essa é a dura realidade. Burra da mulher que não se cuidar (não se prevenir), porque os homens não estão nem aí se ela engravidar, as conseqüências são por sua conta e risco, infelizmente.
Amiga, meu último conselho é o seguinte: Cuide muito tudo o que fala e para quem fala, porque as pessoas na sua grande maioria, não são verdadeiramente aquilo que aparentam ser. Tem muito lobo em pele de cordeiro no amor, no trabalho, na escola, nas amizades, na família e até mesmo dentro de casa. Está difícil confiar nas pessoas. Pense nisso!
Com carinho,
Lidiane Cattani Rabello - jornalista