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Palavra Andante


ENCONTRO COM A CHUVA DE VERÃO

Todos os rios do mundo correm em direção ao mar. Mesmo que às vezes façam um caminho mais longo, como, em São Paulo, o rio Tietê (rio que corre ao contrário) na língua Tupi.

Eu acho isso absolutamente incrível: toda essa água doce migrando (sem saber?) em direção ao mar salgado. Devem ser opostos que se atraem no fundo por serem iguais. Talvez seja assim com as pessoas também.

Temos muito a aprender olhando os rios, observando a água. É um jeito de meditar. Mesmo no banho: o som de milhares de gotas e sua massagem gentil suavizam a mente e o cérebro entra em ondas alfas. Você sonha acordado, tem ideias. Agora, enquanto escrevo, cai uma chuva preguiçosa. Quase invisível. Um pequeno rio que vem do céu a procura do seu mar. Pode ser o quintal da sua casa, uma fresta entre um paralelepípedo e outro ou ainda a floresta (densa ou escassa) de cabelos na cabeça de alguém.

Para a água, pode ser o começo de um ciclo e o final de outro. Para a gente também. O banho renova. O banho de chuva faz de nós um porto para os pingos que viajaram milhares de quilômetros em lençóis freáticos, rios, céus e agora deságuam em nossas cabeças de xampu.

Vou terminando por aqui. A chuva me chama.

Rodrigo Espinosa Cabral


Rodrigo Espinosa Cabral

Rodrigo Espinosa Cabral, brasileiro, vegetariano, gremista. Um pedaço de poeira cósmica que, às vezes, escreve. Palavra Andante, um passeio pelo mundo das letras.

rodrigoec@gmail.com