UMA SEMENTE DE MEDITAÇÃO

Um mar agitado cria ondas, espuma. Sua máquina de lavar roupas também. Um lago parado, sem vento, forma um espelho. Dizem os orientais que com a mente acontece o mesmo processo.

A mente agitada se assemelha a um mar revolto, com milhões de pensamentos caóticos, dúvidas, problemas, ansiedades e desejos. Não se pode olhar o fundo, não reflete o exterior, não se identifica com clareza seus peixes e outros passageiros.

Por outro lado, a mente serena, meditativa, consegue perceber melhor a existência, refletir aspectos de outra realidade. Suas águas (ou ondas) se tornam mais limpas e é possível distinguir melhor seus habitantes (pensamentos, ideias, emoções, desejos).

Temos uma amostra desse processo quando, por exemplo, acordamos naturalmente (sem despertador) de uma boa noite de sono. Aquele estado confortável entre o sonho e a chamada vida real. Nesta fronteira, muitas vezes, o cérebro ainda está vibrando numa freqüência suave. É uma hora especial.

Podemos acabar com ela como se fôssemos uma patrola passando por cima de uma flor, acordando a mil por hora, de modo agitado e barulhento. Ou podemos tentar esticar um pouco essa sensação especial. Para isso podemos respirar com calma, levando o ar até a barriga e tentar focar a mente em um objetivo: lembrar do sonho que tivemos, projetar o acontecimento importante do dia, curtir a boa ideia que surge...

Assim vamos voltando aos poucos para o real, mas com a semente desta força meditativa impulsionando realidade adentro. Pelo menos em teoria, porque na prática o despertador muitas vezes é assim:

-- MAAAÃEEEEE, QUERO MAMÁ! MAAAÃEEEEE, QUERO MAMÁ!

MAAAÃEEEEE, QUERO MAMÁ! MAAAÃEEEEE, QUERO MAMÁ!

-- Hmmytzkmmfkerrtzzzzzzzzzzz... Já vai.

-- PAIIIÊÊ! EU DISSE MAAAMÃE!

E você começa um novo dia ejetado dos sonhos. Sem paraquedas. :D

Rodrigo Espinosa Cabral