PLAY e REC... Juntos.
Como vai seu botão vermelho? :D Calma, calma! Me refiro à tecla REC, de RECord (gravar), presente em câmeras, celulares e... nas pessoas.
Outro dia, não sei qual, pois vi no Youtube, Tom Zé foi ao Jô Soares. Perguntado sobre como a música entrou em sua vida, o cantor baiano disse: “ah, Jô foi em 1954”.
Ele mudou até a postura para contar da noite em que seu amigo pegou o violão e tocou “eu não quero outra vida nadando* no rio de Jereré”. Com o Jereré espaçado: Je-re-ré. E o violão acompanhando a alternância das notas. Dó, Si, Lá, Sol (da voz) X Dó, Si, Dó, Ré (do violão). Faz o seguinte, clica aqui e assiste que é bem melhor que a minha descrição :D.
Em outra entrevista, li Eduardo Bueno, o verborrágico Peninha, contando como a música de Bob Dylan entrou em sua vida. Disse ele que lembra até da roupa que estava usando ao ouvir Like a Rolling Stone num álbum duplo, ao vivo.
Esses momentos de mudança são especiais. Você valoriza a vida quando guarda no cinema da memória uma cena, um sorriso ou uma palavra dita por alguém. Quando a gente é capaz de lembrar cores, cheiros, sons é sinal que estamos vivendo de verdade. Com pé embaixo “nessa longa estrada da vida”.
Tudo isso melhora quando assumimos o roteiro e a direção das nossas vidas, com planejamento, dedicação e verdade. Mas tem um detalhe: para ligar o REC (para ter memórias verdadeiras) você tem que viver o presente com intensidade.
Acho que a vida funciona como os antigos gravadores de fita K7. Para gravar, tem que apertar PLAY e REC juntos. Ou seja, tem que tocar (a vida). Viver. Pode até ser que enrole tudo. Mas pode ser que surja uma música incrível. Mas só que você estiver neste espaço-tempo. PLAY e REC com você no tempo real, ao vivo para você mesmo e para mundo. Aqui e agora. Sem a saudade do ontem, nem a ansiedade do amanhã.
Qual vai ser próxima cena que você vai gravar?
Rodrigo Espinosa Cabral
nadando* (ressignifiquei o “pescando” da canção original por “nadando”, um verbo mais vivo).