Maio ou Menos Assim
Maio, como se sabe, é o mês das Noivas.
Maio tem também o Dia das Mães (sim, A SOGRA dos noivos), provavelmente para equilibrar um pouco o lado emocional da família. Ou para desparafusar tudo de vez. E é também o Dia do Trabalhador (porque alguém tem que pagar toda essa conta...) :D
Assim, Maio segue firme, enlouquecendo famílias. Embora muita gente não queira ou não consiga mais casar. E embora muita gente ainda queira casar, mas em Dezembro, com direito a calor, piscina, 13º e férias para curtir a vida a dois.
A data remonta aos tempos medievais. De modo simbólico, no hemisfério norte, o 1º de Maio separava o frio (e a fome) do calor e da fartura. A partir de Maio o mundo se pintava com o colorido de flores, frutas e a abundância das colheitas. Em “Uma Breve História do Mundo”, o historiador Geoffrey Blainey conta que, na Idade Média, as pessoas faziam festa já na meia-noite do início de maio, tocando tambores, dançando e fazendo amor. Só que a Reforma religiosa deu uma podada nessa última parte.
Na cidade de Londres, cerca de 250 anos atrás, o pessoal que fazia limpeza em chaminés também decidiu que era uma boa comemorar a mudança feita pela natureza na chave (de frio para calor). No frio eles tinham muito trabalho limpando a fuligem. Nos dias quentes a vida era mais tranquila.
Aos poucos, sindicalistas e socialistas incorporaram a data símbolo de fé em tempos melhores e mais abundantes. Em 1º de Maio de 1891, na França, dez manifestantes foram mortos pela polícia enquanto reivindicavam jornada de 8 horas diárias de trabalho.No Brasil a data é feriado desde 1924.
Na Europa, maio chegava trazendo cestos e vasos cheios de alimentos. Era a primavera crescendo e o verão se formando. O longo campeonato contra a fome e o frio chegava ao fim. Quem sobrevivia era campeão. Com a barriga cheia e o olhar enternecido pela beleza do mundo, todos os bichos procuravam namorar, acasalar, reproduzir. Era a festa do título.
No Brasil, embora nossa primavera ainda esteja dormindo e vá continuar dormindo até Setembro, herdamos um pouco desta tradição. Há milhares de noivas com cabeça de noiva à solta por aí. Cada cabeça com milhões de detalhes, listas, problemas, escolhas e soluções. Orçamentos, decoração, choro, músicas, risos, convites, quebra-cabeça, cerimônias, vestidos, estresse, roupas, lembrancinhas, raiva, docinhos, chás, euforia, fotos, síncopes, vídeos, lágrimas, abraços, viagens... O ritual é grande.
Deus ajude. Amém.
Rodrigo Espinosa Cabral