Portal de notícias Caçador Online
Palavra Andante


Na Milionária e Magnética Estrada Da Vida

Neste momento, neste planeta que gira pelo sistema solar, você está aí, fazendo sua digestão ou louco de fome. Fazendo hora, se informando ou se distraindo. Com coisas seriíssimas na cabeça ou completamente alienado. Ou quem sabe você só pensa nela. Ou, tudo que você quer é esquecê-lo...

Eu não sei.

Mas você é muitos. O poeta americano Walt Whitman que dizia que era amplo e que dentro dele havia multidões.  Fernando Pessoa(s) era assim também. Vai ver, todo mundo é meio Doctor Jekill, metade Mr. Hyde.

O problema (ou a estratégia) é a que horas soltar o Médico? Quando libertar o Monstro? A sociedade estabelece alguns locais e horários para o monstro dar uma volta.  As arquibancadas dos estádios, por exemplo. Lá você xinga, grita, canta, ri e até chora. Uma terapia coletiva. E tem sua versão doméstica, em frente à TV, às quartas e domingos...

Outros esvaziam o estresse correndo, jogando um futebol, pedalando ou puxando ferro na academia.  É válido. A raiva vai virando suor e o Monstro se liquefaz.

Existem várias outras formas de o nosso médico curar o nosso louco: música, dança, culinária, leitura, escrita... dar umas risadas, caminhar, fotografar, andar de ônibus...

O negócio é iniciar um processo e deixar fluir. Mesmo que a estrada fique esburacada. Siga firme. Como a Voyager 1, a sonda espacial que os americanos lançaram em setembro de 1977. Ela pesa 722kg e tem o tamanho de um Corsa. Aos 35 anos de atividade, a sonda já passou por grandes dificuldades, atravessando o cinturão de meteoros e coletando muitos dados científicos. Ela produziu o nosso “álbum de família” planetário, quando fotografou Vênus, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e a própria Terra (bem de longe). Hoje a nave está prestes a pegar a estrada magnética, como é chamada pelos cientistas a rota de saída de nosso sistema solar para entrar no espaço interestelar.

Novas dificuldades virão. E com elas oportunidades e descobertas. Mas isso só é possível se produzirmos, se andarmos. “Nessa longa estrada (magnética) da vida”, já dizia a canção, “vou correndo e não posso parar”.

Quem sabe se nessa afinação pessoal o Médico fica um pouco louco (criativo, inovador) e o Louco um pouco Médico (mais observador e humano). E os dois juntos mais Milionários e Ricos. São Josés, pilotando a nave pessoal pela vida: “na esperança de ser campeão, alcançando o primeiro lugar”.

Rodrigo Espinosa Cabral


Rodrigo Espinosa Cabral

Rodrigo Espinosa Cabral, brasileiro, vegetariano, gremista. Um pedaço de poeira cósmica que, às vezes, escreve. Palavra Andante, um passeio pelo mundo das letras.

rodrigoec@gmail.com