Parece que nos últimos dias nosso país engatou a sexta marcha e resolveu acelerar seu processo histórico.
Ayrton Senna ficaria espantado com a velocidade. Eu fico. Nossos congressistas, antes famosos por trabalharem de terça a quinta, agora entram madrugada adentro discutindo e votando temas relevantes para assegurar que o clamor das ruas seja respeitado.
A velocidade é grande, mas nos mantemos na pista. Somos mais de 200 milhões de brasileiros, 94 milhões com acesso a internet, 67 milhões registrados no Facebook. Esses deputados online e os senadores das ruas estão mudando o Brasil na prática, de baixo para cima.
Pode-se se questionar a profundidade das discussões, já que nas redes sociais tudo é muito conciso e as informações se sucedem num fluxo contínuo e interminável. Mas o fato é que a manifestação popular já conseguiu mudanças: redução da tarifa em várias cidades, fim da PEC 37, destinação dos royalties do petróleo para educação e saúde... As conquistas estão aparecendo.
Quem sabe nas próximas eleições apareçam novos rostos se candidatando? Martin Luther King, líder dos movimentos contra a discriminação racial, dizia que o que preocupa na sociedade não é “o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”. Seria benéfico ver pessoas sérias e comprometidas com causas sociais se candidatando a partir da nova dimensão política que o Brasil atingiu.
Talvez seja ingênuo pensar assim, mas seria bom se muitos dos antigos políticos dinossauros de sempre tirassem seu time de campo. Espera-se que, após os eventos deste inverno brasileiro, tenha ficado mais difícil para políticos e empresários corruptos fazerem novas maracutaias ou defenderem intere$$e$ escusos em seus mandatos.
Caso contrário é provável que os deputados online e os senadores das ruas voltem a cercar prédios públicos e a dançar sobre o Congresso Nacional.
Rodrigo Espinosa Cabral