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Amor & Sexo

Abstinência parcial


“Boa noite Lidiane! Que bela noite de sábado para um programinha a dois, não é mesmo? Ai Lidi, que saudades da minha juventude! Naquele tempo, pelo menos, tinha oportunidade de sair um pouco mais de casa para me divertir, me distrair. Mas, infelizmente, esse é mais um sábado, mais um final de semana sozinha, ou melhor, sem alguém para receber e dar um carinho mais íntimo. Sinto falta! Também sou feita de carne e osso. Tenho os meus desejos carnais. Não me considero uma mulher muito velha, nem me sinto uma mulher desinteressante. É claro que estou no alto dos meus quase sessenta anos e nem por isso acho que as oportunidades de ter alguém acabaram. Mas, sei que está difícil encontrar um companheiro, alguém que queira compromisso sério, que queira constituir uma nova família. Pior ainda, na minha faixa etária e na situação em que me encontro. Não tenho uma grande rede de contatos, minha vida se resume apenas em trabalhar, cuidar da casa e da minha netinha, que está morando comigo desde que nasceu. Hoje ela está com sete anos e é meu grude. Fazemos companhia uma para a outra. No momento em que me encontro dou graças de ter ela, caso contrário, teria apenas o convívio com meus demais familiares no final de semana. Com ela não me sinto tão sozinha.

Mas, Lidiane, gostaria que me entendesse, amo minha neta, mas, de uma certa forma, sinto falta de ter a presença masculina na minha vida, sinto falta do amor, do carinho de um homem. O problema é que além de não ter companhia para sair, digo, amigas para me acompanhar em algum programa onde eu tivesse a possibilidade de encontrar alguém, conhecer alguém, a minha neta, toda vez que aparece um oportunidade de eu sair para descontrair com minhas colegas de trabalho ou mesmo com uma das minhas irmãs casadas, ela não deixa, não quer, faz manha, passa mal, fica dengosa. Daí eu acabo desistindo de sair. Então, vou para a casa da mãe e ficamos lá: eu, minha neta, minha mãe e minha irmã, que também está sozinha. Sabe, Lidi, tenho meu trabalho, minha casa, meu carro, meu dinheiro, mas, sinto falta de viver mais a vida.

Sinto que o tempo está passando, eu estou envelhecendo, as oportunidades vão escapando pelos dedos, eu me sinto, muitas vezes amarga, acho que é por falta de sexo mesmo. Não tenho vergonha de me abrir com você. Me sinto sufocada com essa carência que me mata. Não sei mais o que é ser tocada há um bom tempo. Nem eu mesma consigo me tocar, porque minha netinha está sempre presente. E eu? Ah! Nem sei mais o que é sentir prazer. Faz mais de cinco anos que estou sem ninguém. Já tive algumas oportunidades de me entregar a outro homem, mas, a grande maioria só quer levar a gente para cama. E se for só cama, eu não quero. Então, opto por não me relacionar, me envolver. Quero alguém que me leve a sério, que me respeito, que queira uma vida a dois. Senão for assim, então, vou continuar sozinha, até o dia em que apareça uma pessoa que realmente valha a pena. Não é porque estou, admito, matando cachorro a grito, que vou me jogar nos braços de qualquer um. Lidi, gostaria de ouvir alguma palavra sua de consolo, estou tão desgostosa da vida. Será que encontrar um companheiro, um homem bom é o mesmo que encontrar uma agulha no meio do palheiro?” Marisa (nome fictício) - Centro

Oi Marisa! Primeiramente obrigada por confiar o seu desabafo a mim. E, me desculpa por demorar em responder. Graças a Deus ando cheia de trabalho. Minha vida é bem corrida, mas, não reclamo, amo tudo o que faço.

Amiga, sei perfeitamente o que está passando, eu também, nos altos dos meus quase 40 anos (Nossa, já tenho tudo isso?! Srsrs), já passei por isso tudo que você descreveu, em alguns casos mais acentuados em outros nem tanto. Mas, amiga, consegui tirar de letra. Tem momentos que a gente se acha o patinho feio e acha que o programa está exclusivamente na gente. Mas não. Amiga, o seu consolo, o MEU e de tantas outras mulheres é que todas passaram, passam ou dia passarão, por esse momento de frustração que eu já vive, que você está vivendo e outras, parceiras desse dilema, estão passando. Acredite, essa frustração não é só sua. Milhares de mulheres vivem com esses mesmos por quês na cabeça.

Marisa, várias amigas (ou melhor amigas e conhecidas) de todas as faixas etárias tem os mesmos questionamentos e frustrações. A pergunta é sempre a mesma. Por que não consigo encontrar um namorado? Sou uma mulher interessante, bonita, inteligente, bem sucedida, bem resolvida. Qual o meu problema? Por que nenhum homem me quer? Por que nenhum homem me leva a sério? Por que nenhum homem quer compromisso comigo?

Amiga, eu quero acreditar que o problema não está nem em mim, nem em você, nem em nenhuma mulher, muito menos neles, os homens. Hoje, que escrevo sobre relacionamento, vejo que muitos homens, mais muito homens mesmo também QUEBRAM A CARA, também sofrem por amor, também estão decepcionados com as mulheres. Sim, porque como no mundo masculino, no mundo feminino também tem mulheres que fazem dos homens gato e sapato e tem AQUELES que mereçam serem tratados assim e também aqueles de NÃO.

Mas Marisa, eu ENCONTREI alguém, ou melhor, esse alguém me encontrou. SIM, porque acredito piamente nas palavras de Mário Quintana quando ele diz: “O segredo é não correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até você. No final das contas, você vai achar não quem estava procurando, mas quem estava procurando por você.”

Sabe amiga, muitas vezes idealizamos um homem irreal. Fantasiamos muito. Somos muito sonhadoras e românticas. Homem perfeito não existe e nem sempre o nosso príncipe encantado é aquela pessoa que ACHAMOS que amamos. Amiga, temos que nos dar a oportunidade de olhar para o lado. Quem sabe o grande amor da sua vida está aí do seu lado e você não enxerga, ou melhor, AINDA não chegou o seu momento de enxergar, tirar a viseira. Acredito muito que o tempo de DEUS não é o mesmo do tempo dos homens, por isso nada acontece no momento que queremos, mas SIM, quando ELE lá em cima, quer.

Eu, por exemplo, precisei esperar 38 anos da minha vida para encontrar o meu GRANDE AMOR. Conheço o meu ‘namarido’ desde criancinha, tenho até foto com ele de quando ainda éramos pequenininhos.

Convivemos na adolescência e no início da juventude, mas, não nos envolvemos naquela época. Eu até o achava interessante, mas, também o achava muito namorador, então, nunca quis envolvimento. Ao longo da minha vida sempre que o via em alguns lugares, ele chamava minha atenção, mas nunca tinha o visto como um possível pretendente. Até que um dia nos encontramos, nos enroscamos e estamos até hoje juntos e, melhor, felizes, muito felizes e apaixonadas.

Mas Marisa, fica tranqüila, o que é seu está guardado. Não é porque você não sai por aí, porque não é vista, que nenhum homem vai te encontrar. Muito pelo contrário, uma hora ou outra essa pessoa especial vai bater os olhos em você e vai tentar se aproximar. Você apenas vai ter que se permitir ser feliz, ser amada. Ah! E nada de ser ludibriada pela sua neta, pede para alguém de confiança ficar com ela, é só por algumas horas, ela não vai morrer por isso. Amiga, você tem que fazer a sua neta entender que TAMBÉM precisa de um tempo só para você. Faça ela ver que quando crescer também vai quer ter os seus momentos íntimos e que ELA não abrirá mão de sair, só porque você vai ficar sozinha. Entendeu?

Mas amiga, enquanto essa pessoa não chega, não vou dizer que você tem que se divertir com os homens errados. (srsrsr – como tem algumas frases impressas em camisetas por aí). Acho que deve se reservar SIM, deve se preservar SIM. Tem muito homem que acaba se aproveitando da nossa fragilidade, carência para dar o bote. Chegam, seduzem, conquistam, USAM e, como uma lata de cerveja vazia, JOGAM FORA, sem dó, nem piedade, quando bem entender, OU MELHOR, assim que enjoou ou quando aparece uma outra opção. E NÓS? Nós, por mais maduras e experientes que somos acabamos caindo na lábia de homens jovens e de homens maduros. Por isso amiga, a melhor solução é o DESAPEGO.

Siga o meu conselho, COMPRE um amigo íntimo (Entendeu?). Ele te dá o maior prazer; é rapidinho, rapidinho para ver estrelas (srsrs); não rola sentimento; está sempre disponível; e não fala para ninguém. Agora deixei o ‘coitado’ de lado porque estou recebendo assistência, mas, se precisar ele está lá guardadinho para me satisfazer na hora que eu bem entender.

Marisa, visite um sex shop tem vários modelos de estimulantes, para todos os gostos e bolsos. Amiga, se tiver vergonha de ir lá comprar, me avisa que compro para você. Eu tenho comprado para várias amigas e todas, sem exceção, só tem é me agradecido pela nova aquisição. Pense nisso e... Bom proveito! A partir de agora Abstinência sexual, só PARCIAL. OK! (srsrsr)

Com carinho,
Lidiane Cattani Rabello - jornalista


Lidiane Cattani

Depois de conversas e conselhos sobre relacionamentos amorosos à amigas, Lidiane passou a publicar essas histórias e opiniões. Os artigos deram tão certo que já são três anos desse trabalho. A participação do leitor e as pautas sobre o assunto são muitas, o que garante boas histórias. A popularidade da coluna se justifica pelo fato dos leitores se identificarem com as situações e pela forma descontraída como a autora conduz as respostas. A maioria dos artigos são apimentados, o que aguça a curiosidade do leitor.

cattanirabello@hotmail.com