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Amor & Sexo

Mulheres oferecidas sempre vão existir


“Boa noite Lidi! É um prazer enorme escrever para você. Acompanho seu trabalho desde sempre. Admiro essa sua coragem em encarar a vida de frente. Você é corajoso em falar abertamente sobre sexo numa cidadezinha pequena como Caçador, melhor, numa cidade onde as pessoas são cheias de preconceitos e não vêem com bons olhos pessoas com cabeça e atitudes modernas como você. É! Mas, felizmente, você venceu e não precisou mudar seu jeito de ser, muito pelo contrário, tem muita gente que ouço só tecer comentários positivos a seu respeito.

Ponto pra você, que não se deixou abalar com críticas de pessoas maldosas, que adoram ver o circo pega fogo, adoram a desgraça alheia. Bom Lidi, agora vamos ao que me trouxe até você. Sou uma mulher de 39 anos. Estou no auge da minha carreira. Tenho meu carro, meu apartamento. Sou super vaidosa, me considero uma mulher interessante e sou muito paquerada, mas por incrível que pareça não sou uma mulher de muitos homens. Quando estou com alguém, saio única e exclusivamente com essa pessoa. Não acho que seja um troféu mostrar que sou conquistadora e que tenho o homem que eu quiser.

Tive poucos relacionamentos ao longo da minha vida. Os que tive foram sempre vividos intensamente como este que estou vivendo neste momento. Sabe Lidi, por mais que eu seja paquerada, não dou abertura para o assédio dos homens, mesmo neste momento em que estou passando por uma fase difícil com meu namorado. Sou uma mulher vivida, não sou bobinha, sei que por mais que os homens me desejem, a maioria gostaria apenas de transar comigo e no dia seguinte, me tratariam como uma qualquer. Mas, felizmente, me dou valor. Sei o que quero e também o que não quero para mim. E o que não quero é ser usada como um trapa e depois ser descartada como uma lata de cerveja que se compra em qualquer botequim. Mas Lidi, não sei se vamos conseguir sobreviver a esta avalanche que se tornou nossa relação. Amiga, quero muito um relacionamento duradouro. Estamos juntos há quase um ano e sinto que a nossa relação desgastou e está sem graça. Às vezes a impressão que tenho é que não tem mais por que ficar junto. A intimidade com meu namorado esfriou, meu na-marido (sim, já vivemos juntos) não tem mais o mesmo apetite sexual de antes. Sabe Lidi, por mais que eu seja uma mulher interessante ando com minha auto-estima em baixa. Ando angustiada, depressiva, infeliz. Amo meu trabalho, mas ele não rende. Parece que estou com as mãos atadas. Me sinto ameaçada por todas as mulheres na rua. Ando paranóica, cheia de ciúmes. Meu parceiro não me dá motivos aparentes para eu achar que ele sai com outras mulheres. Ele se comporta direitinho, é um homem decente, trabalhador, faz tudo por mim, está sempre querendo me agradar.

Quando chega a noite volta para casa cedo, passa os finais de semana comigo, me leva viajar, diz que me ama na mesma intensidade do início da relação. O que está me tirando do sério é o assédio das mulheres, elas dão em cima dele descaradamente. Não sei se é porque ele é lindo ou se é só para me provocar. Só sei que isso me tira do sério. Me sinto ameaçada o tempo todo. Não consigo nem me dedicar intensamente ao meu trabalho, que amo de paixão. Aquela ameaça de perda me persegue o tempo todo, fica martelando na minha cabeça 24 horas por dia. Ando bem sem chão. E isso está acabando com a minha relação, meu namorado está ficando cansado das minhas desconfianças, das minhas crises de ciúmes. Lidi, me dá um chacoalhão. Preciso de ajuda. Estou cega, obcecada, com medo de perder meu namorado. Será que vou ter que começar a evitar de sair de casa com meu namorado para essas mulheres pararem de se jogar em cima do meu homem?.” Beijo – Luciane (nome fictício) – São Cristóvão

Oi Luh! Primeiramente obrigada pelo seu comentário. Amiga, só eu sei o quanto já ouvi falar de mim. O quanto já fui criticada. Quantas bobagens já ouvi, quantas inverdades, quantas injustiças. Quer saber onde encontrei forças para prosseguir com meus ideais, com minhas vontades, com meus sonhos? Na minha CONSCIÊNCIA. Porque nunca precisei usar ninguém como degrau para conquistar o meu espaço. Nunca precisei me `vender´ para me beneficiar.

abe Luh, nunca tive medo de dar a cara a tapa. Já comprei muito briga para defender os mais fracos. Não suporto o sofrimento aplicado a quem não pode se defender. Por isso luto com todas as minhas forças quando vejo injustiças. Você não faz ideia o quanto ainda sou `perseguida´. Tem sempre gente torcendo para que eu fracasse, para que eu quebre a cara. Ixi, como tem!

Mas amiga, eu sou forte e a minha maior energia é a minha alegria, a minha felicidade, o meu riso fácil. São essas virtudes que me impulsionam para seguir em sempre. Como um grande amigo escreveu para mim um dia: “Só quem não vê não pode enxergar, onde essa menina/mulher vai chegar. Olha o caminho. Vá em frente. É logo ali. Prossiga...” (Nômade) E eu prossegui. E melhor, venci. E ainda tenho muito por fazer. Tenho muito gás, muita vontade de viver, de fazer e de aparecer. E amiga, só aparece quem faz. E se eu APAREÇO é porque FAÇO e faço a diferença. E isso incomoda muita gente. Não porque APAREÇO, mas porque FAÇO.

Mas Luh, agora vamos ao que interessa. Falar sobre você, sobre seu relacionamento. Amiga, pra você ver, não existe uma fase na vida para sofrermos por amor. Novo, velho, experiente ou não, TODOS, um dia sofreram, estão sofrendo ou vão sofrer por amor. Só não sofre quem não ama verdadeiramente. Não é mesmo, amiga?

Bom, Luciane, vamos lá. No meu ponto de vista, antes de qualquer atitude você deve recuperar sua auto-estima. Porque nada do eu ou qualquer outra pessoa te falar vai ajudar, se antes não estiver bem com você mesma. Luh, eu te conheço menina, isso eu não preciso nem te falar porque você é uma mulher muito bonita e qualquer espelho vai te afirmar isso. Portanto, complexo de inferioridade não lhe cai bem.

Amiga, sinto apenas que, neste momento, você está `apagadinha´, sem aquele brilho no olhar, sem aquela alegria de viver que sempre esteve estampada em seu rosto. Acho que o que está te faltando é um tempo para você. Sabe, começar a fazer coisa que lhe dão prazer. Luh, pare agora e liste algumas coisas que adora fazer e que por algum motivo parou. Listou? Agora se programa e comece a por em prática. Ah! Não esqueça de desacelerar. Pare de viver apenas para o trabalho, estudo, reuniões, seus filhos, seu parceiro. Sei que tudo isso é importante para você. Mas, para que possa se dedicar com qualidade a esses seus `amores´ primeiro precisa estar bem. Certo amiga?

Luh, quanto ao seu parceiro, desencana, a paranóia deve estar na sua cabeça. Você sabe muito bem que o apetite sexual diminui com o passar o tempo. Todo início de relacionamento é movido pelo fogo da paixão e aos poucos esse desejo vai sendo substituído pelo amor, que é muito mais sólido.

Amiga, quando o amor toma o lugar da paixão sentimos segurança na relação. E é o amor que torna a relação duradoura. Junto dele vem inúmeros outros sentimentos que tornam o convívio a dois prazeroso. Por isso menina, dá um voto de confiança a seu homem. Homem quando está junto, quando é presente, quando resolve viver com alguém é porque essa é sua vontade. E isso é raro, amiga. Se considere privilegiada por ter um amor, porque nunca esteve tão difícil de encontrar um par perfeito para se ter um relacionamento sério, como nestes novos tempos. Como diz a Marta Suplicy: “Amiga, relaxa e goza!”

Mas agora amiga, numa coisa vou ter que concordar contigo. As mulheres estão cada dia mais atrevidas, para não dizer atiradas. Vamos combinar, quando o assunto é descaramento as mulheres estão ganhando disparado dos homens. Tudo bem que o `bicho´ homem está em extinção, mas nem por isso é preciso apelar. Gente, ouço muito homem falar que tem que estar fugindo de algumas mulheres, porque elas marcam em cima valendo. Tem muito homem que não precisa nem ir atrás, que elas se encarregam de procurar se oferecendo para sair. E isso é fato!

Daí eu lhe pergunto: Como é que um homem vai levar uma única mulher a sério se ele tem várias a sua disposição? O PIOR é que essas mulheres aceitam dividir o parceiro com outras mulheres sem pestanejar.

Amiga, eu entendo perfeitamente o seu questionamento, por isso a minha recomendação é que você deixe claro para seu parceiro o que lhe tira do sério. Por exemplo, se você não gosta que as mulheres se pendurem nele para cumprimentá-lo. Diga: EU NÃO GOSTO. Se você não gosta que ele fique jogando conversa fora com outras mulheres. Diga: EU NÃO GOSTO. O que não vale é ficar `bicuda´, irritada, sem dizer o motivo. Normalmente o seu parceiro sabe o que te chateia. E se ele te ama de verdade, automaticamente ele vai evitar constrangimentos que te magoem. Mas, se ele não gosta, ele vai mais é querer te dar motivo para que você saia de área. O que não é o caso do seu companheiro. Certo?

Luh, você já notou que quando o homem está sozinho, mulher nenhuma quer? Mas bastou arrumar uma namorada que as mulheres começam a crescer os olhos? Pois bem, é assim mesmo. O homem, muitas vezes, nem é tão interessante assim, mas só porque está com você, passa a atrair todos os olhares femininos. Isso é o óh! Amiga, pode apostar, isso acontece com todo mundo. Daqui a pouco passa. Elas perdem o foco. Mas, pulso firme, viu?! É no começo da relação que você deve impor suas regras. Dizer o que gosta e o que não gosta numa relação é o primeiro passo. OK!

Sabe Luh, é sempre bom deixar claro que você não é burra, nem cega. Que você capta no ar o cheiro de traição e `trairagem´. Tanto por parte das `cobras´ que dão mole para seu parceiro, quanto por ele que pode ficar dando mole para elas. OK! SIM, porque você já notou que normalmente o trouxa é o último a saber das traições? Depois que você termina a relação um monte de gente vem te contar o quanto seu parceiro era sem vergonha, o quanto te traia pelas costas.

Eu mesma se começar a contar não paro mais de tantas histórias que fiquei sabendo depois que me separei. Fora as traições que eu vi com meus próprios olhos mas acabei fechando os olhos para não ver. Mas, hoje não tolero mais, se eu não gostar de algo falo na lata. E se precisar rodo a baiana. Não aceito e ponto. Acho que não temos mais tempo para perder tempo com uma pessoa que não nos dá valor, que não nos respeita. Se for para viver infeliz e cheia de magoas, então é melhor ficar sozinha.

No meu primeiro casamento eu era bem bobinha, aceitei muitas coisas que me magoaram, por medo de falar, de enfrentar. Vixi, passei muitas vezes por otária diante de `amigas´ que foram paqueradas pelo meu ex. Elas achavam que estavam abafando, se achavam as gostosas. SIM, porque a mulher pode até nem ser mais interessante do que a gente, mas só pelo fato de ser `novidade os homens começam a se engraçar com elas. E sabe como é mulher, bastou o cara fazer qualquer agradinho que já `gama´. Mulher é tudo igual. Se derrete por qualquer atençãozinha diferente. Bastou o cara segurar o elevador para ela entrar que já começa a vê-lo como um futuro pretendente a marido. No fundo, no fundo o que toda mulher quer e não admite, é um marido, nem que seja o marido alheio.

É amiga! São elas, as mulheres, que mais paqueram os homens comprometidos e não comprometidos. Muitas vezes o homem nem nota que está sendo cobiçado pela mulherada, mas pode ter certeza que sua mulher pesca tudo no ar na mesma hora. Se você ainda não leu o livro “Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor? LEIA. Ali você vai compreender direitinho a diferença entre o comportamento do homem e da mulher. É incrível como a antropologia explica o comportamento humano. Por isso Luh, siga meu conselho. Jamais deixe de fazer o que gosto. Incômodos a gente sempre vai ter. Algumas vezes mais, outras vezes menos. Mulheres oferecidas sempre vão existir, mas as coloquem em seus lugares. E se seu marido está dando mole para elas deve chamar  a atenção dele e se ele prosseguir com as investidas, acho que o melhor a fazer é ficar sozinha, porque quando não existe mais respeito, o melhor a fazer é cada um seguir o seu rumo, porque quando chegar esse ponto, o amor acabou. Pense nisso!

Com carinho,

Lidiane Cattani Rabello - jornalista


Lidiane Cattani

Depois de conversas e conselhos sobre relacionamentos amorosos à amigas, Lidiane passou a publicar essas histórias e opiniões. Os artigos deram tão certo que já são três anos desse trabalho. A participação do leitor e as pautas sobre o assunto são muitas, o que garante boas histórias. A popularidade da coluna se justifica pelo fato dos leitores se identificarem com as situações e pela forma descontraída como a autora conduz as respostas. A maioria dos artigos são apimentados, o que aguça a curiosidade do leitor.

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