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Amor & Sexo

Chega de dizer AMÉM para seu marido


“Oi Lidi! Faz um tempão que acompanho seu trabalho no jornal da Folha. Quando começou a escrever sobre relacionamento logo me apaixonei pela coluna. Eu não era muito de ler, mas, desde a primeira história criei o hábito e não parei mais. Senti muito quando parou de publicar a coluna no jornal, o qual minha mãe tem assinatura. Acho que muitos leitores também pensam da mesma forma. Lidi, fazia uns dois meses que eu estava sem internet aqui em casa. Menina, eu estava me sentindo perdida! Como essa ferramenta vicia. Parece que estamos desligados de tudo. Para compensar, minha filha imprimia seus artigos no trabalho e trazia para eu ler. Foi a minha salvação! Hoje, felizmente, consegui religar a internet aqui em casa e não perdi tempo, escrevi para você. Nem acredito que estou conseguindo me abrir com alguém. É a primeira vez que tomo coragem de falar sobre as minhas frustrações e as minhas mágoas.

Lidi, gostaria que lesse com carinho o meu desabafo. Sou uma mulher de 37 anos, casada e mãe de quatro filhos. Meu marido não queria que eu trabalhasse fora, mas essa batalha eu bati de frente e venci. Há cerca de cinco anos consegui um trabalho como vendedora. Somos uma família que trabalha muito para dar uma vida simples, mas digna aos nossos filhos. Os dois mais velhos já trabalham fora e ganham seu próprio dinheiro para pagar suas despesas pessoais. Os pequenos estudam meio período e no outro são atendidos pela minha mãe, que mora na casa da frente.

Lidi, apesar de ter pouca idade, me olho no espelho e vejo uma mulher muito mais velha e acabada. Não que eu seja feia, todos dizem que eu tenho um rosto, um sorriso e um cabelo lindo, o problema vem agora, depois que tive meus filhos engordem muito. Hoje peso, exatos, 128 kg. Não há roupa que fique bem! Eu sei que tenho uma grande parcela de culpa por estar desse jeito. Mas meu marido também contribuiu para que minha auto-estima caísse lá embaixo e eu chegasse aonde cheguei, no fundo do poço. Ao invés de me incentivar a emagrecer, vivia me chamando de gorda e jogando na minha cara que eu era feia e que homem nenhum se interessaria por mim. Meu marido é um homem muito bonito, mas a forma como me trato faz com que se torne um homem horrível. Quando saímos fica olhando para as moças bonitas e, pior ainda, as elogiava na minha frente.

Você acredita Lidi, que muitas ficam se achando! Elas dão bola na minha cara. Parece que está escrito em seus semblantes: Não sei o que esse bonitão quer com essa gorda. Elas nem imaginam o homem ruim que ele é. Só pensa no seu umbigo e no seu bel prazer. Fico pensando: Quem vê cara não vê coração. Porque se elas soubessem o quão odioso ele é, jamais iriam se engraçar com ele.

Sabe Lidi, toda vez que ele me rebaixa na frente de outras mulheres me sinto um lixo, acaba atacando o meu sistema nervoso e começo a comer compulsivamente. Faz mais de 15 anos que engulo quietinha essa falta de respeito e consideração do meu marido. Abaixo a cabeça para todos os seus desmandos porque tenho medo de me separar. Penso no que a família e as outras pessoas vão falar. As vezes que tentei me abrir com a minha mãe ela nem deixou eu terminar a conversa, simplesmente disse para eu aceitar aquela situação, porque o meu pai também era ruim para ela, mas, por mais ruim que fosse, nunca deixou faltar comida em casa. Eu também penso no que ele me diz, de que nenhum outro homem vai se interessar por uma mulher gorda, feia e com quatro filhos como eu. Nos dias em que estou me sentindo um pouquinho melhor, vou para frente do espelho me arrumar, mas logo vem o fulano para me pôr no lugar e fazer com que eu enxergue que não tem jeito. Lidi, desenvolvi até uma úlcera nervosa, que em dias como esse não há remédio que acalme a dor. Às vezes tenho vontade de chutar o balde e mudar de vida, até tentei uma vez me separar. Mas o fulano veio chorando pedir para que eu voltasse. Disse que não conseguia viver mais sozinho, porque era eu quem fazia tudo em casa. Eu voltei correndo achando que ele me amava e que tinha mudado. Nos primeiros dias até começou a me ajudar nos afazeres domésticos e me tratar com mais delicadeza, mas na semana seguinte já começou a ser grosseira e não fazer mais nada. Simplesmente ficava na frente da televisão vendo o tempo passar, enquanto a boba aqui se virava nos 30 para dar conta de fazer tudo para todos na casa, inclusive cozinhar, cuidar dos afazeres domésticos, resolver os problemas fora de casa e ainda dar assistência sexual ao grande e bonito maridão. Muitos vezes, tendo que o ‘servir’ depois de ver ele dando em cima de outras mulheres. Eu seu que ele me trai, mas, eu faço de conta que não sei. Enfim Lidiane, eu acho que mereço tudo que o fulano faz para mim, porque eu, infelizmente, digo amém para todos os seus caprichos. Será que um dia vou ser feliz? Será que quando ele ficar mais velho, mais maduro vai dar o devido valor que eu mereço? Queria tanto que ele mudasse. Acho até que eu iria emagrecer e voltar a ficar bonita. Assim ele não precisaria ficar dando bola e saindo com outras mulheres? O que me diz? Um abraço!” Ana Beatriz – bairro Martello

Ana querida, você é literalmente uma fofa. Fofa por dentro e por fora! E não é no sentido pejorativo, viu! Pode ter certeza que falo com o mais puro sentimento de carinho e respeito a sua pessoa. Você é uma linda, menina! Que coração maravilhoso o seu. Só uma pessoa sensível, com sentimentos puros e verdadeiros é que suportaria calada todos os desaforos desse ‘babaca’ com quem está casada.

Amiga, nem você, nem mulher algo merece e precisa ser tratada como um ‘capacho’, como esse ‘animal’ vem te tratando. Animal? Nem de animal esse homem merece ser chamado. Porque os animais valem mais do que muita gente por aí. Ana querida, estou tão revoltada com esse seu marido que tenho vontade de ir até aí e enfrentá-lo no seu lugar. Amiga! Esse cara iria ouvir poucas e boas. Queria jogar em sua cara tudo o que até hoje está engasgado em sua garganta. Me revolta saber que ainda existe homens covardes que se aproveitam da fragilidade física das mulheres. Porque dúvida que iriam cantar de galo se nós tivéssemos a mesma força para poder se defender. Eu já fui agredida fisicamente, não uma, mais algumas vezes em minha vida. Amiga, naquele momento eu gostaria de ter força para poder revidar. Eu juro que homem nenhum nunca mais iria encostar um dedo em um fio de cabelo meu.

Ana, Ana! Por que aceitar viver uma vida inteira de infelicidade? Eu sei que você tem um que outro momento feliz, de tempo em tempo. Mas, será que vale a pena, comparado, com os tantos outros dias infelizes que tem vivido?

Amiga, o mínimo que você deve aceitar desse seu ‘simpático’ marido é RESPEITO. Mas, pessoas ignorantes como ele, dificilmente aprendeu ao longo da vida o que é respeito. Sabe Ana, que não sirva de consolo, mas muitas mulheres vivem o que você está vivendo hoje, a única diferença é que uma tem mais dinheiro e outras menos. De resto minha filha, só muda de endereço!

Ana, muitas mulheres ainda acreditam que a felicidade está no casamento. Muitas acreditam que somente quando encontrarem a cara metade, a metade da laranja ou a tampa da panela é que serão eternamente felizes. Mas aí que está o engano, porque a felicidade vem de dentro para fora, não o contrário. Devemos estar sim felizes com nós mesmos, só assim poderemos ser feliz com outra pessoa, seja ela alguém da família, um amigo, um colega de trabalho ou um bem querer. Se não temos paz de espírito não viveremos felizes com ninguém. Ana, pare e pense um pouquinho e analise para ver se não é bem assim como vou descrever: quando a gente NÃO está bem, no trabalho NÃO está bom, na sala de aula NÃO está bom, na casa da mãe NÃO está bom, numa grande festa também NÃO está bom. Não é mesmo? Por isso mais uma vez eu digo: se não estamos em paz, nada está bom. Portanto, vamos correr atrás do que nos faz feliz e nem sempre a felicidade está num marido ou em uma mulher.

As pessoas se enganam quando pensam que os pais, os filhos, os amigos, os parceiros são responsáveis pela nossa felicidade. Gente, acreditem! Para ser feliz com alguém, primeiro temos que ser feliz sozinho. E amiga, você é a única responsável pela sua felicidade. Só quando você se der conta disso é que será verdadeiramente feliz.

Mas mudando de mala para cuia, Ana querida, nunca se sinta inferior a ninguém. E nunca permita que ninguém te humilhe, te pise, te olha de cima. Infelizmente, nós seres humanos, a vida inteira, fomos minados de informações enaltecendo os padrões de beleza impostos pelos meios de comunicação. Daí eu lhe pergunto: o que é realmente belo, perfeito? E o que realmente importa: a beleza, o poder, o dinheiro ou a simpatia, a simplicidade, a humildade e o caráter? Agora a resposta vai depender do seu ponto de vista.

Eu, através do meu trabalho, vivo num mundo que prioriza o que é belo. Diariamente convivo com o que é bonito, descubro novidades de como tornar as pessoas mais bonitas, mas nem por isso, vivo obcecada pela beleza, pela perfeição. Sou vaidosa? Sou. Mas, sou muito mais humana e me preocupa com a vida e o bem estar das pessoas num modo geral, independente se estão dentro dos padrões de beleza ou não. Me incomoda ver uma pessoa passando necessidade, me incomoda ver alguém sofrendo, me incomoda ver uma pessoa sendo humilhada, desprezada. Se eu pudesse me colocar no lugar, pois juro que tomaria todas as dores, não suporto o sofrimento daqueles que não podem se defender, seja gente ou animal, branco ou preto, velho ou novo, baixo ou alto, perfeito ou deficiente, hetero ou homossexual. As pessoas, num modo geral, tendem a discriminar tudo o que foge do padrão. E eu repúdio esse comportamento. Porque ninguém é melhor do que ninguém.

Sabe Ana, eu já perdi as esperanças de que esse seu marido vai mudar. Para mim, pau que nasce torto morre torto. E, eu no seu lugar já tinha dado o grito de liberdade há muito tempo. Não sei como você ainda não enfartou? Amiga, grande parte das doenças surgem devida às amarguras, os desgostos que temos na vida. Por isso Ana, uma coisa eu te digo: É melhor sozinha do que mal acompanhada.

Amiga, faça uma lista com os prós e os contras e depois me diga se vale a pena insistir com esse seu ‘grosso’ marido. Não sabe por onde começar? Então eu vou te ajudar listando só a parte boa. Anote aí: amiga, você não vai mais ouvir o fulano te chamar de gorda e feia; vai diminuir sua ocupação em mais de 50%, o que significa que vai ter mais tempo livre para você; não vai mais ser humilhada na frente das outras mulheres; e melhor, não vai precisar transar com ele quando não tiver vontade; vai ter mais disposição para cuidar da sua saúde e beleza; vai ter os filhos do lado te apoiando, incentivando e até ajudando nas despesas da casa; e olha só que coisa boa, vai ter o prazer de encontrar seu marido com uma daquelas mulheres que ria de você quando estava com ele. Nessa hora, você vai olhar bem na cara dela e ela vai saber que você sabe a ‘bucha’ que ela recolheu em casa. (kkkkkkk)

Ana, chegou o seu tempo de ser feliz. Quero ouvir o seu grito de liberdade e, de quebra, quero encontrá-la linda e mais magra desfilando com um homem bem bacana que realmente te dê valor. Vá ser feliz, menina!

Mas se resolver continuar com o fulano não permita que ele te mal trate. Seja forte! Enfrente-o! Independente se ele vai te elogiar ou não comece a se cuidar. Não só pela estética, mas pela sua saúde e qualidade de vida. Amiga, trace uma meta e siga a risca. Só não queira virar um palito. Tem muita gordinha linda e sexy por aí. E tem mulher gordinha que nunca vai ficar magrela. Você sabe disso, não é mesmo? Então, se resolver emagrecer, emagreça, mas sempre cuidando da saúde. E amiga, não vá na conversa do seu marido, porque tem muito homem que gosta de ‘carne’, de mulher que tenha aonde pegar. Entendeu?

Agora para fechar quero fazer apenas uma ressalva: Pessoal, não sei que mania é essa das mulheres querer um marido a qualquer custo. Bastou o homem dar um sinal que lá estão elas recolhendo o primeiro que aparece para dentro de casa. E pior, saiam por aí o exibindo como se fosse um troféu. Lavam, passam, pagam as contas, gastam parte do salário em presentes para o gostosão, fazem de tudo para agradar o grande marido e, seis meses depois, eles começam a se revelar e ela se dá conta da besteira que fez.

Gente, vamos combinar! As mulheres estão a perigo, estão matando cachorro a grito. Tem muita mulher solteira por aí que não pode ver um homem, principalmente comprometido, que logo cai em cima, não importa se está com a mulher ou não. Elas não podem ver uma aliança piscando no dedo que logo nasce um grande interesse repentino. Enquanto isso o ‘bonitão’ fica se achando. A mulher fica louca para ‘roubar’ o marido, o namorado, o companheiro da outra. Como se tivesse levando um troféu para casa. Tem muito homem bom e descente e esses dificilmente correspondem às investidas dessas mulheres avulsas. Somente os ‘traias’ é que acabam se envolvendo e, só mais tarde, as ‘espertinhas’ se dão conta da ‘bucha’ que se meteram.

Meninas, cá entre nós, todas nós sabemos que todo início de relação é mamão com açúcar e com o passar do tempo ambos vão se revelando.

Portanto amigas, ter alguém é muito bom, mas se para ter um marido eu precisar dizer AMÉM para todos os seus caprichos então vou ficar solteira para o resto da vida.

Com carinho,
Lidiane Cattani Rabello – jornalista


Lidiane Cattani

Depois de conversas e conselhos sobre relacionamentos amorosos à amigas, Lidiane passou a publicar essas histórias e opiniões. Os artigos deram tão certo que já são três anos desse trabalho. A participação do leitor e as pautas sobre o assunto são muitas, o que garante boas histórias. A popularidade da coluna se justifica pelo fato dos leitores se identificarem com as situações e pela forma descontraída como a autora conduz as respostas. A maioria dos artigos são apimentados, o que aguça a curiosidade do leitor.

cattanirabello@hotmail.com