Dede que me conheço por gente ouço, quase todos a minha volta dizendo que a política é suja, que os políticos são todos ladrões, corruptos, que isso, que aquilo... Uma coisa é verdade, na nossa região, marcada pelas lutas sangrentas do Contestado, nunca vi um político que assumisse um cargo e olhasse, de verdade, para os anseios do povo que o elegeu. Normalmente, quando surge algum benefício para a sociedade mais carente é pensando no voto futuro, para si, ou para alguém a quem apoia... Infelizmente, a maioria dos partidos esqueceu a própria ideologia e busca o poder pelo poder. E ainda por cima idolatram nomes em detrimento dos projetos...
Nesta eleição, estive do lado de lá, fui um deles, fui um candidato a deputado estadual e pude constatar que ainda existe uma esperança para a moralização da política... Fizemos uma campanha limpa, do início a fim, nos mantivemos íntegros, mas o melhor disso foi poder ouvir o povo, conversar com os invisíveis e ter a certeza de que é possível fazer algo por eles, o que falta é vontade...
Sou bairrista ao extremo, do tipo que prefere fazer compras no mercadinho da esquina e só recorre aos supermercados do centro quando não encontra o que procura por aqui. Desta forma, fiquei muito indignado quando vi alguns adversários, porém meus amigos, candidatos da minha terra, trabalharem sem o poio das lideranças do seu partido na cidade. Estas, preferiram pedir o voto para pessoas de fora que só caem de paraquedas no período eleitoral em nossa região, não conhecem a realidade local, tampouco farão algo concreto para o bem estar da nossa população. Não sei qual o benefício que estes traíras receberam ao fazer campanha desta forma, só tenho certeza que não buscaram o conforto da população caçadorense... Neste ponto, devo agradecer ao apoio incondicional recebido de meus camaradas, filiados, ou não, que dispensaram seu precioso tempo, “torraram” ao sol e me acompanharam nesta jornada de forma voluntária e despretensiosa...
Estive presente em todos os bairros de Caçador e circulei nas cidades próximas... Ouvi, com atenção, todas as queixas de um povo que há muito tempo está esquecido na invisibilidade dos bairros... Clamavam por atenção, mesmo sabendo que a maioria dos problemas abordados não era competência de um deputado e sim do executivo municipal... Em cada conversa, eu repetia a seguinte pergunta: Como está a associação de moradores deste bairro?... Muitos, sequer sabiam da existência de tal instituição... É muito fácil reclamar e esperar que os engravatados, por um milagre, olhem para os invisíveis do bairro... Não interessa, para aqueles que defendem os interesses dos ricos, que o pobre esteja organizado em comunidade... Para os que se acham poderosos, quanto menos informação o cidadão tiver, mas fácil será manipulado...
Nossa luta foi diária, nos três meses de campanha, para informar o povo a fim de se organizar em busca de seus direitos, mas infelizmente, o coronelismo foi mais forte e a luta pelas causas populares permanece sem representante da nossa região na Assembleia Legislativa... Continuaremos vendo obras faraônicas que não melhoram em nada a vida da população mais carente... Tudo para melhorar o fluxo dos automóveis, mas os seres humanos ao redor da obra continuam invisíveis... A gravata não alcança o chão, não pisa no barro, não come poeira, não cheira esgoto a céu aberto, não sente o desconforto das sandálias do povo...
Márcio Roberto Goes