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Termômetro do Varejo

68% da população pertence às classes C,D e E, diz novo critério


Novo critério diminuiu a quantidade de brasileiros que pertencem às classes A e B. Essa nova métrica leva em conta não apenas a renda, mas bens, tipo de moradia, nível educacional e acesso a serviços públicos

Há mais brasileiros que pertencem às camadas de menor renda — C, D e E — nas nove regiões metropolitanas do País do que às classes mais ricas, A e B.

"Isso não significa que o brasileiro tenha empobrecido, mas pelo novo critério ficou mais difícil estar nas camadas de maior renda. Mudamos a régua", afirma o coordenado do Comitê do Critério Brasil, Luís Pilli.

Essa nova métrica leva em conta não apenas a renda das famílias, mas principalmente a posse de bens, o tipo de moradia, o nível educacional e o acesso a serviços públicos, como saneamento e ruas pavimentadas. Ao todo, são 35 variáveis avaliadas para se chegar ao estrato social.

Pilli explica que várias mudanças foram feitas em relação ao Critério Brasil hoje vigente para obter um retrato mais próximo da realidade social. Itens como a posse de televisor, rádio e aspirador de pó foram eliminados, pois, de acordo com os formuladores do modelo, esses bens não refletem mais a posição social.

Em compensação, passaram a ser considerados nesta avaliação a posse de microcomputador, lava-louça, lava-roupa, motocicleta, secadora, forno de micro-ondas e acesso a serviços públicos, como saneamento e pavimentação. "Posse de microcomputador e acesso a serviços públicos têm pesos muito grandes", diz Pilli.

Na lista de quesitos foram mantidos itens como a posse de geladeira, freezer, aparelho de DVD, automóvel, banheiro, ter empregado doméstico e o nível de escolaridade do chefe da família.

O coordenador do comitê do Critério Brasil ressalta que alguns itens que já faziam parte do critério anterior foram mantidos, mas tiveram o peso aumentado. Entre eles, estão o número de banheiros existentes na moradia, a quantidade de automóveis e o número de empregados domésticos.

Segundo Pilli, o que chama a atenção pela estratificação social no novo critério é que, na prática, existem dois "Brasis" em termos de perfil de classes sociais.

Um deles é formado pelas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Nessas três regiões, a metade da população pertence à classe C, cerca de 30% são das classes A e B e uma pequena parcela é de classe D.

"O Centro-Oeste, por causa da riqueza gerada pelo agronegócio e também em função da capital federal, já se aproxima da estratificação social das regiões mais ricas do País", observa.

Já as regiões Norte e Nordeste mostram a outra face do Brasil. De acordo com o novo critério, quase a metade da população dessas duas regiões são da classe de menor renda, a classe D. "Esses resultados mostram que o Brasil ainda é muito desigual", afirma Pilli, ressaltando, no entanto, que houve nos últimos anos ganhos de renda.


Leila Longo Romão

Graduada em Administração, com pós-graduação em Marketing e Vendas. Empresária do ramo de confecções, na área industrial e lojista. Foi presidente da CDL Caçador durante cinco o anos e Diretora Distrital da FCDL/SC. A coluna Termômetro do Varejo traz análises de pesquisas do setor, além de orientação para os empresários lojistas, comerciantes e comerciários em geral.

leilaromao@conection.com.br