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Crônicas

Inércia educacional


Que maravilha... Primeiro dia de aula... Eu estava muito ansioso para rever meus alunos e conhecer os novos... Uma escola não tem razão de ser se estiver vazia e, quando cheia, encontram-se os exemplares mais fantásticos dos seres humanos, os gênios incompreendidos pela sociedade, considerados rebeldes sem causa, chamados de alunos...

Mas antes de encontrar com meus amigos, razão do meu trabalho, observo alguns aspectos do ambiente que mudaram durante as férias e outros que permaneceram na inércia: O telhado continua pela metade na área de recepção, quando chove alaga todo o primeiro piso, parte do segundo e do terceiro. Aliás, no terceiro piso, também faltam telhas, ou estão quebradas, não sei bem, só sei que escorre uma água podre o tempo inteiro que é recolhida por um balde improvisado, deixando o ambiente quase intransitável...

É uma lástima, ver nossa escolinha do coração desse jeito sem poder fazer alguma coisa... O pior é que não é de hoje que acontece isso. O telhado da área de convivência caiu com uma tempestade há mais de três meses... Terminamos o ano letivo de 2014 de forma precária e começamos 2015 sem nenhuma atenção por parte das autoridades...

Dias antes de terminar as férias, nos reunimos, alguns professores, direção e alunos para organizar a escola: Roçamos ao redor, limpamos todos os pisos e paredes, as carteiras foram lavadas, ou seja, fizemos até mais que nossa parte... Mas, cadê aqueles que dizem que fazem?... Na verdade, nossa querida escola só começou o ano letivo graças à sua equipe, pois se dependêssemos da boa vontade dos engravatados, não teria aula, ou estaríamos trabalhando no meio da lama...

Como se não bastasse o odor desagradável de água podre pelos corredores, ainda ficamos sem energia elétrica no terceiro piso, obrigando a remanejar o noturno todo para o segundo piso, arriscando até um apagão, pois se a rede elétrica está comprometida por causa a água, não vai demorar muito para se estender por todo o prédio...

E agora... Até quando vamos com essa situação? Nosso querido Wandão está abandonado... Estamos a mercê de nós mesmos... Nossa sorte é que temos uma equipe de funcionários comprometida com a educação pública e alunos interessados em melhorar seu lugar de estudo, pois se dependêssemos daqueles que foram eleitos, ou nomeados para administrar aquilo que é nosso, estaríamos sem escola...

A escola é nossa... É da comunidade... Pagamos nossos impostos para mantê-la... E para onde vai nosso dinheiro?... Vai parar em obras faraônicas que melhoram o fluxo dos automóveis, mas esquecem os seres humanos que estão ao redor... Para os veículos automotores, tudo... Para a educação, as migalhas...

O Wandão foi vitrine durante a campanha eleitoral... E agora?... Será que temos que esperar até e próxima campanha para resolver o problema, ou pelo menos, mascarar, como vem sendo feito há anos?...

Me desculpem se este texto não teve graça... Coloquei meu coração neste teclado. É por amor à educação pública que desabafo nestas linhas... Só queremos a mesma atenção dada aos automóveis...

A Escola Wanda Krieger Gomes pede socorro, quem pode e deve ajudar, nos dá as costas...


Márcio Roberto Goes

Professor de Língua Portuguesa, língua Espanhola e suas respectivas literaturas, efetivo na rede estadual de ensino de Santa Catarina, graduado em Letras pela Unc, antigo campus de Caçador e especialista em análise e produção textual pela FAVEST. Escritor, palestrante, diretor artístico e locutor da Web rádio Ativa Caçador. Membro da Academia Caçadorense de Letras e Artes.

marciogrm@yahoo.com.br