Araucária com idade estimada entre 700 e 800 anos, medindo mais de 40 metros de altura passou por uma medição oficial; intenção é colocar em prática um plano de salvamento da árvore única no mundo
Ela reina soberana na parte Sul da Reserva Florestal Epagri/Embrapa de Caçador. Com idade estimada entre 700 e 800 anos, a araucária com mais de 40 metros de altura, 7,7 metros de circunferência e 2,45 metros de diâmetro agoniza, com pouca sustentação e prestes a cair a qualquer capricho do tempo.
Na tentativa de elaborar um plano de salvamento da árvore, símbolo do Sul do Brasil, o pesquisador da Epagri, Onofre Berton esteve ontem realizando uma medição oficial. O maior desafio é calcular a altura do exemplar, que já foi alvo de pelo menos quatro descargas elétricas violentas. "A copa deste pinheiro foi destruída há muito tempo e há diversos galhos, de diâmetros relevantes que nasceram no alto", comenta Berton.
A araucária possui uma cavidade oca em seu interior de cerca de 10 metros de altura, resultado de anos de infestações por fungos. Por ser escuro e úmido, o local é abrigo de centenas de morcegos silvestres. O pesquisador explica que a árvore ainda está de pé porque naturalmente desenvolveu um sistema de reforço. "A raiz pivoltante morreu há tempos e a árvore se obrigou a aprofundar suas raízes periféricas para continuar em pé. São cerca de 40 centímetros de área externa, a parte viva da árvore que sustenta todo o resto", afirma.
Pesquisador Onofre Berton sugere um plano para tentar salvar o raro exemplar
O belo e raro espécime da Mata Atlântica é um exemplo do que existia em abundância na região de Caçador há 100 anos, antes da voracidade da exploração madeireira. Na opinião do pesquisador, o pinheiro gigante é uma reserva genética importante". Ao seu redor, ainda restam alguns outros exemplares de araucárias e imbuias centenárias.
Alternativas para salvar a araucária
O pesquisador Onofre Berton coloca que são duas as possibilidades viáveis para tentar salvar a araucária quase milenar, ou pelo menos, prolongar sua existência. A primeira é fazer a limpeza de toda a parte oca da árvore, com retirada dos fungos e parte podre da madeira. Na sequência, vedar os dois buracos em lado opostos do tronco com concreto armado e preencher o espaço vazio com argamassa.
A outra possibilidade é construir estacas de concreto ao redor da árvore e circundá-la com cabos de aço protegidos, para não atrair raios, nem danificar o tronco. "Trata-se de medidas simples, que podem fazer a diferença", salienta. "Talvez seja preciso mobilizar entidades e organizações não governamentais para realizar uma campanha para salvar o pinheiro", sugere.