Um jovem de 25 anos, que namorava a mulher de 46 anos presa na terça-feira (25) suspeita de matar quatro ex-companheiros, conhecida como 'viúva-negra', acredita que seria a próxima vítima. Ele prestou depoimento na Polícia Civil e contou que, assim como nos outros casos, a mulher teria solicitado que ele assinasse uma apólice de seguro de vida beneficiando a mulher.
O rapaz, natural de Rio do Sul, no Vale do Itajaí, rompeu um relacionamento de cinco meses com a suspeita em abril deste ano. De acordo com as informações repassadas ao delegado Fabiano Locatelli, responsável pelo caso, a mulher teria levado ao jovem algumas propostas de seguro de vida, pré-elaboradas, e insistido para que o rapaz assinasse. Ele desconfiou da atitude e acabou o namoro.
A mulher segue detida no presídio de Caçador, no Oeste catarinense. Ela é suspeita de matar, em um período de 14 anos, um ex-marido natural de Santa Cecília e pai de um de seus filhos, dois namorados de Caçador e um homem casado, com quem teve um filho, também de Caçador. Pelas investigações, ela matava os homens para ficar com seguros de vida e pensão.
Dois filhos participaram de crime
O último crime ocorreu em 25 de junho deste ano e deu origem à investigação dos casos. A vítima era um homem de 60 anos com quem ela teve um caso há 21 anos. Na época, ele era casado e a suspeita solteira. Do relacionamento, nasceu o filho que participou do crime. Além dele, um adolescente de 16 anos ajudou no assassinato. O rapaz é filho de um marido da suspeita, que foi morto em 2000 e é considerado a primeira vítima da 'viúva-negra'.
De acordo com Locatelli, antes de morrer, a última vítima da mulher assinou uma apólice de seguro de vida no valor de R$ 1,26 milhão, cujo filho era o único beneficiado. Segundo a investigação, o jovem teria solicitado para que o pai assinasse uma apólice de financiamento estudantil.
Conforme o delegado, pai e filho não eram próximos. O jovem de 21 anos teria se aproximado do homem no começo deste ano apenas para enganá-lo. A suspeita não mantinha mais relacionamento com a vítima.
A mulher e o jovem de 21 anos teriam dado substâncias químicas de duas medicações e matado o homem em casa. Em depoimento para a Polícia Civil, o adolescente de 16 anos confessou que dirigiu a caminhonete onde o corpo da vítima foi levado e abandonado no matagal da SC-350.
Investigações
De acordo com o delegado Locatelli, as substâncias químicas misturadas causam infarto do miocardio e epilepsia. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) em Florianópolis comprova a presença delas no sangue da vítima fatal de junho. O delegado diz que o efeito do remédio se dá em um período de uma a três horas após a ingestão. Apesar da investigação ainda não ser conclusiva, o delegado trabalha com a hipótese de os remédios terem sido aplicados na comida.
A investigação foi iniciada há quatro meses, após uma denúncia anônima à Polícia Civil sobre a apólice de seguro deixada pela última vítima no valor de R$ 1,26 milhão. A partir deste caso, a polícia segue investigando as demais três mortes.
Conforme o delegado, de um dos ex-namorados, a 'viúva-negra' recebeu uma apólice de seguro no valor de R$ 125 mil. Além disso, ela recebe do marido morto, uma pensão vitalícia por ele ter prestado serviço militar.
A mulher e o jovem de 21 anos estão presos, segundo a polícia. Os dois devem ser indiciados por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e meio insidioso e cruel; corrupção de menores, já que envolveu um adolescente no último crime; fraude processual, por forjar a cena do acidente; e tentativa de estelionato.