A transferência de presos do litoral para o interior preocupa o juiz corregedor do Presídio Regional de Caçador, Yannick Caubet. Em entrevista à Rádio Caçanjurê nesta terça-feira, 19, o magistrado comentou determinação de interditar a unidade por motivo de superlotação. Segundo ele, os detentos de alta periculosidade colocam em risco a ordem do presídio de Caçador.
“Estive ontem no presídio e pude constatar que os presos do litoral continuam lá, mesmo eu tendo pedido a transferência imediata deles. E como são pessoas de alta periculosidade, alguns pertencentes a facções criminosas, isso gera uma inquietação. Eles estão fazendo discurso nas celas, tatuando os outros detentos com os símbolos da facção, e até mesmo havia um plano de rebelião”, revela.
De acordo com Yannick, a informação da possível rebelião chegou até a direção do presídio através do familiar de um detento. “Ele deu detalhes de qual cela iria começar, o modus operandi e tudo mais, então isso é uma coisa que nos preocupa porque o presídio de Caçador não tem histórico de problemas”, acrescentou o magistrado.
Ainda segundo o juiz corregedor, os 20 presos do litoral chegaram ao presídio de Caçador em novembro do ano passada, sendo que seis já foram transferidos de volta e 14 continuam na unidade.
Superlotação
A situação dos presos do litoral revela também um problema crítico do Presídio de Caçador, a superlotação. Foi esse o motivo que levou o juiz a determinar a interdição do local.
No ano passado a unidade chegou a ter 340 presos, sendo que a capacidade é 96. “Hoje o presídio tem 270 detentos e eu estabeleci como limite 250, que já é três vezes mais que a capacidade. Então ninguém pode dizer que fui insensato”, afirma Yannick.
O magistrado lembra que já orientou o Departamento de Administração Prisional de Santa Catarina a respeito da situação e deu prazo para que medidas fossem tomadas.
“Posso dizer que o Presídio de Caçador está bem administrado, muitas melhorias foram e estão sendo feitas, porém não podemos deixar a superlotação passar despercebida. Temo pela segurança dos funcionários e também dos presos. Por tanto, a partir desta quarta-feira, não entra mais nenhum preso no presídio até que o número fique abaixo de 250”, ressaltou.
A decisão e cópia da portaria já foi repassada para o comando da Polícia Militar e ao delegado regional. A interdição, segundo o juiz, já deveria acontecer em dezembro, mas um pedido do delegado regional por conta dos recessos de final de ano, o prazo foi prorrogado.
“Só com medidas drásticas conseguiremos melhorar o sistema carcerário. Na primeira notificação, recebemos promessas não cumpridas por parte do DEAP e isso não pode mais acontecer”, finalizou Yannick.