Começa nesta quarta-feira, 20 de janeiro, o Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino 2016. A competição não terá uma das principais equipes do país, o Kindermann, que pediu licença do torneio após o assassinato do técnico Josué, em 11 de dezembro do ano passado. O clube anunciou o fim das atividades por tempo indeterminado.
De férias em Laguna, o vice presidente Richard Kindermann conversou por telefone com a reportagem do Portal Caçador Online, e disse que a tristeza maior continua sendo a perda de Josué.
“Estou acompanhando os preparativos para o início do Brasileiro, até porque existe nosso compromisso com a documentação das atletas que estão sendo passadas a outros clubes. É claro que ficamos tristes em não participar, mas a dor profunda continua sendo a perda de uma pessoa tão querida como o Josué”, disse Richard.
Mesmo com o pedido de licença do Brasileiro, o Kindermann continua registrado junto à CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Porém, o vice presidente não vê chances do clube voltar as atividades com o futebol.
“Essa tragédia fez perder totalmente o sentido das coisas. No momento não tem clima para continuar, e no futuro seria começar do zero uma estrutura que demorou anos para ser conquistada”, acrescentou.
Em 2016 as meninas de Caçador disputariam ainda a Copa do Brasil e a Libertadores da América. “É uma pena porque tinha tudo para ser nosso melhor ano. Torço para que o futebol feminino continue no município e que alguém assuma o projeto”, comenta Richard.
Ao final da conversa, ele voltou a lamentar a morte de Josué. “A cada dia recebemos novas manifestações de torcedores, de ex-atletas, de pessoas ligadas ao futebol, que reforçam ainda mais o quanto o Josué era querido por todos”, finaliza.
Josué assassinado
No dia 11 de dezembro de 2015, Carlos Corrêa, fundador do time de futsal feminino Pantera Negra e ex-técnico das categorias de base do Kindermann, invadiu o hotel Kindermann e fez várias pessoas reféns em uma sala de reuniões.
Ele estava embriagado e armado com um revólver calibre 32, com várias munições no bolso. O homem exigiu a presença de pessoas ligadas ao clube para um acerto de contas (ele havia sido demitido no meio do ano após ser flagrado bêbado em uma viagem da equipe).
Estavam no local os dirigentes Salézio e Richard Kindermann, o técnico Josué, além de funcionários do time e do hotel.
Josué foi alvejado com um tiro no peito e morreu ao dar entrada no hospital. Carlos Corrêa ainda tentou fazer outro disparo na direção de Richard, mas a arma falhou. Ele acabou rendido até a chegada da polícia.
Josué Kaercher foi jogador profissional de futebol e defendeu equipes como Figueirense, Operário de Mafra, além de times do Mato Grosso. Na Caçadorense, o zagueiro foi capitão por quatro anos consecutivos, conquistando o título da Divisão de Acesso do Estadual em 2012.
Começou a carreira de técnico de futebol em 2015 e já no primeiro ano conquistou a Copa do Brasil com o Kindermann, aos 35 anos.