Os dados mostram que a violência contra as mulheres é algo comum em Caçador: em 2017, até esta terça-feira, 7, já foram concedidas 80 medidas protetivas no município, segundo informações da Delegacia de Proteção à Mulher (DPCAMI). Isso representa uma média de 1,2 caso por dia, um número expressivamente alto e que faz refletir neste Dia Internacional da Mulher, 8 de março.
As medidas podem determinar que o agressor mantenha um limite mínimo de distância da vítima, e se afaste do lar. De tão comum, no ano passado foram concedidas 356 medidas protetivas pelo Poder Judiciário caçadorense.
O psicólogo André Bêber de Souza, da Polícia Civil de Caçador, explica que, segundo a Lei Maria da Penha, as agressões físicas não são as únicas consideradas crime, mas também as de caráter psicológico e sexual.
“Quando ocorrer um caso de violência a mulher deve procurar a polícia. A lei funciona muito bem e garante a proteção das vítimas através de medidas protetivas”, pondera.
A vítima que deseja representar contra o agressor poderá procurar a delegacia ou chamar a Polícia Militar pelo telefone 190. O psicólogo lembra que as forças policiais devem ser acionadas somente quando necessário.
“Em muitos casos, há uma discussão e a mulher, por raiva, vingança ou mágoa, aciona a polícia. É gerada uma medida protetiva, mas no dia seguinte ela acaba desistindo do processo. Não se pode usar a lei de forma banalizada, só porque discutiram”, orienta o psicólogo.
Qual o limite?
Recentemente, a notícia de um casal que morreu esfaqueado no bairro Gioppo abalou a população de Caçador. O caso, tratado pela polícia como homicídio seguido de suicídio, onde o agressor seria o marido, exemplifica a violência contra as mulheres no município.
O psicólogo policial André Bêber de Souza ensina como identificar o limite de uma relação. Segundo ele, o respeito é a base de tudo, e quando se perde esta qualidade a relação se torna doentia e pode gerar uma neurose na vítima e no agressor.
“Às vezes a relação é tão neurótica que a mulher se ‘acostuma’ com este ciclo de violência e tem dificuldade de sair da relação. Quando começar a faltar respeito, desde uma simples conversa à piadas de mau gosto, isso é indício de que pode estar no limite psicológico e que este é o momento de repensar a relação”, finaliza André.