Ex-jogador recorda momentos marcantes do Santelmo

Miosso era o tipo de jogador que não errava pênaltis. Sua habilidade era o famoso chute de “letra”, que confundiu os goleiros durante anos. O ex-jogador e um dos fundadores da Sociedade Esportiva União Santelmo, Gentil Domingos Miosso, hoje com 73 anos, guarda boas recordações daquela época.

O Santelmo tem 44 anos de existência: foi fundado em 1973 e registrado legalmente em 1981. Foram 14 fundadores na época, entre os principais o Edimo Debarba, Arlindo Scheuer, Ipólito Lunarelli (Teixeirinha), Aladim Driessen, Leonides Ribeiro, Mário Santin, Ilmo Fauth, Airton Simões, Luiz Drager, Edemar Espudaro, Ivo Borges e o Miosso.

“O time começou numa brincadeira no bar do falecido Ivo Tesser. Alguém deu a ideia de montar o time, escolhemos o nome Santelmo, que foi uma sugestão do Arlindo Scheuer, e então formamos a equipe. Tudo isso numa roda de cachaça”, lembra Miosso, que jogou pelo time por 15 anos, sendo treinador por seis.

O ex-jogador recorda vários títulos que a equipe conquistou na época, erguendo mais de 200 troféus, dos quais alguns estão guardados em sua vidraçaria do no bairro Sorgatto e outros se perderam em um incêndio. Foram dois títulos do Campeão dos Campeões, um título Amador, primeiro lugar na taça Caçanjurê 40 anos e entraram na primeira divisão para nunca mais cair.

Segundo Miosso, uma das características daquela época era a disputa feroz entre os times, sendo que dificilmente havia campeonatos sem briga. Porém, o ponto mais marcante era a dedicação dos jogadores.

“Quando você disputava a bola já esperava para dividir canelas. Dá até arrepio de lembrar. Nós jogávamos com ‘faca nos dentes’. Era muito disputado, mas o Santelmo era pacífico, com atletas conscientes. Tivemos altos e baixos, mesmo assim nunca perdemos a humildade. Na época que eu era treinador eu aconselhava: se for brigar, que seja pela bola”, explica Miosso.

Sobre os pênaltis

O Santelmo tinha um dos melhores cobradores de pênaltis. Gentil Miosso cobrou muitos durante a passagem pelo time, dos quais errou apenas dois. A cobrança com chute de “letra”, chamado na época de “Xales”, era uma das suas habilidades que confundia o goleiro. A bola ia para um lado, e o defensor para o outro.

“Ganhei taça de melhor batedor e várias caixas de cervejas apostando pênaltis. Foi uma técnica que aprendi treinando sozinho. Ninguém fazia aquilo antes em lugar nenhum, era um dom de Deus. Eu batia com muita frieza, era um capricho sem tamanho. Os goleiros ficavam loucos”, lembra.