Josué Henrique Kaercher era pai de família, querido por todos e ajudou a construiu um legado no esporte de Caçador. Não por menos foi apelidado de capitão nesta cidade. Mas a sua vida foi interrompida de uma maneira tão brutal que a vida de quem o acompanhava nunca mais foi a mesma desde então.
Esse é o sentimento do irmão Júlio Francisco Kaercher, que desde o crime, em 2015, sente um vazio incalculável. Ele, a mãe Alaisa de Lourdes Nunes Kaercher e o pai Samuel Henrique Kaercher viajam a Caçador para acompanhar o julgamento do réu Carlos Correa, acusado de assassinar Josué. O júri popular será nesta sexta-feira, 23.
Julio (esquerda) com o irmão Josué; no centro Davi Henrique, o filho da vítima
“Espero que o júri dê a pena máxima, pois ele cometeu vários crimes, sendo o pior deles assassinar o meu irmão, uma pessoa querida por todos, idônea, pai de um filho e um rapaz trabalhador”, relata Júlio.
O irmão da vítima não tem palavras para descrever o que o assassino fez. Ele resume apenas o sentimento da família.
“Uma perda dessas é um vazio incalculável. Só quem perdeu um ente querido desta forma sabe a dor que sentimos. O julgamento aliviará a dor muito pouco, pois o que eu queria mesmo era meu irmão aqui ao meu lado, e isso eu nunca mais terei”, desabafa.
Os crimes
Com início às 9h, no Fórum de Caçador, o júri de Carlinhos da Pantera Negra, como ficou conhecido o réu, é um dos casos mais polêmicos de Caçador.
Ele é acusado de homicídio duplamente qualificado (contra Josué), de tentativa de homicídio duplamente qualificado contra Richard Kindermann, de cárcere privado contra cinco pessoas, de constrangimento ilegal e de posse irregular de arma de fogo.
Se condenado a pena máxima de cada um dos crimes, o réu pode pegar 67 anos de prisão. Carlinhos continua preso no Presídio Regional de Caçador desde a prisão em flagrante.
O que o réu disse em juízo?
Carlinhos Correa, preso em flagrante desde o dia do crime, preferiu ficar em silêncio em depoimento para a polícia. Mas em juízo, o acusado relatou a sua versão dos fatos.
Segundo os autos do processo, ele disse que estava indignado com o fato de ter sido demitido do time de futebol pertencente à família Kindermann, razão pela qual queria fazer uma reunião com os dirigentes do time para esclarecer os fatos. Afirmou ter ido até o hotel com a arma e as munições por acreditar que essa seria a única forma de reunir todos para conversar e para poder, eventualmente, se defender.
Sobre o colete a prova de balas, disse ser praticante de tiro ao alvo e que gostava de andar com o colete. Pormenorizou que possuía a arma de fogo há muitos anos, a qual pertencia ao seu pai, mas que não era registrada.
Negou, ademais, ter apontado a arma de fogo para Valéria, para a qual disse que ela poderia ficar tranquila, pois nada de mal aconteceria a ela, bem assim ter dito que daquela sala ninguém sairia vivo. Alegou ter pedido desculpas pela situação, mas que somente assim tinha agido para conseguir reunir todos.
Disse ter pedido para Valéria para chamar as pessoas que estavam em uma lista, mas negou categoricamente ter apontado a arma para a vítima ou a ameaçado, confirmando, todavia, que estava com a arma de fogo na mão. Relatou que, depois que foi demitido do time, entrou em depressão e mal sabia gerir seus atos. Pormenorizou ter atirado sem intenção em Josué e que se arrependeu depois.
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