Será nesta quinta-feira, 20, o júri popular dos três jovens acusados de matar uma mulher com problemas de saúde, crime ocorrido no ano passado, em Caçador. Os réus Valéria Ribeiro da Silva, de 24 anos, Leandro Matheus Alves Negretti, 25, e Priscila de Fátima Ribeiro, 24, serão julgados por homicídio duplamente qualificado contra a vítima Elenir Aparecida Ribeiro. O júri inicia às 9h no Fórum da comarca.
Valéria e Priscila estavam no presídio de Lages e já foram transferidas para a unidade de Caçador, onde se encontra o outro réu, o Matheus. Eles estão presos desde junho de 2016 e são acusado de homicídio cometido por motivo torpe e com emprego de veneno.
Valéria (filha da vítima), Leandro (ex-namorado de Valéria) e Priscila (prima)
A ré Valéria é filha da vítima. Foi ela que teria arquitetado o crime, segundo as investigações. De acordo com o processo, a jovem teve ajuda do ex-namorado Leandro e da prima Priscila. Os três respondem igualmente pelo homicídio.
Segundo a investigação da Polícia Civil, o motivo do crime seria porque a filha queria se livrar da responsabilidade de cuidar da mãe doente e, assim, reatar o namoro com Leandro. A vítima foi morta aos 45 anos com uma dose letal de um medicamento, um termogênico que contém Efedrina.
O júri popular será presidido pelo juiz de direito Rodrigo Dadalt. A acusação será feita pelo Ministério Público, através do promotor João Paulo de Andrade. A advogada Márcia Helena da Silva defende as rés Valéria e Priscila. A defesa de Leandro será feita pelo advogado Cesar Roberto Carneiro e outros.
Relembre o crime
Valéria, Leandro e Priscila foram presos pela Polícia Civil no dia 14 de junho de 2016. Foram mais de dois meses de investigação. A vítima morreu em março daquele ano, tendo sido sepultada como vítima de infarto. A própria filha foi quem acionou os bombeiros, cerca de uma hora depois da morte.
A investigação do crime foi coordenada pelo delegado Fabiano Locatelli. Segundo a Polícia Civil, a filha queria se ver livre do encargo de cuidar da mãe e por isso planejou a morte. Elenir era uma pessoa doente e necessitava de cuidados especiais. Valéria teria conseguido o medicamento com o Leandro, que é personal trainer de uma academia da cidade.
Ainda segundo o que foi apurado pelo inquérito, Valéria queria reatar o relacionamento com Leandro, mas ele não aceitou porque ela se ocupava demais cuidando da mãe. A polícia apurou ainda que a filha assistiu a mãe agonizando e pedindo ajuda por mais de três horas.
Vítima agonizou por três horas
De acordo com o delegado, Valéria ministrou a dose do medicamento Efedrina logo após o almoço junto com os medicamentos de uso habitual da mãe. Uma hora depois, Elenir começou a passar mal e pedir ajuda a filha.
Neste momento, Valéria e a prima, Priscila, passaram a entrar e sair do quarto para acompanhar a evolução do problema e a todo o tempo em contato com Leandro. A vítima ficou mais de 3h agonizando até morrer, por volta das 17h. Uma hora depois, os Bombeiros Voluntários foram acionados e chegando ao local constaram o óbito.
Valéria entrou em contato com a funerária que foi até a residência no bairro Industrial e fez os procedimentos fúnebres. O médico que atestou a morte não solicitou exames necroscópicos, nem mesmo chegou a examinar o corpo. Ele fez o atestado com base no relato da acusada, pois era médico da vítima há mais de 10 anos e sabia dos problemas de saúde. Ele atestou infarto do miocárdio.
Leandro confessa ter fornecido os medicamentos
Em depoimento à polícia, Leandro confessou parcialmente envolvimento na morte de Elenir. Ele deu seu depoimento acompanhado do advogado e disse ter fornecido o medicamento que é um termogênico usado na perda de peso, porém ingerido em grande dosagem pode levar à morte. Disse também que desconhecia que o remédio seria usado para causar a morte de Elenir.
Ele disse ao delegado que depois que Elenir foi morta, Valéria usou o fato de ter recebido dele o medicamento para fazer ameaças e também por medo não procurou a polícia.
Provas contestam versão
As provas e depoimento de Priscila mostram o contrário do que foi dito por Leandro. No áudio ele confessa ter fornecido o medicamento e que sabia qual seria a finalidade e também da reação possível.
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No áudio, Leandro fala que o medicamento era absorvido pelo organismo em até 12 horas e não ficaria vestígios, caso o corpo fosse submetido a algum tipo de exame, que se fosse o contrário, o crime teria sido descoberto no dia da morte.
Valéria comenta no áudio que deu à mãe uma cartela inteira do medicamento.
Investigação começou por acaso
Locatelli explicou que investigação começou sem querer, através de um outro caso: "Estávamos investigando o caso do Fábio da Silva que matou duas pessoas e era suspeito de outras mortes. A partir daí começamos a buscar todas as informações de desaparecidos. No caso do Agenor, ele estava desaparecido há 40 dias. Começamos a apurar e interrogar a família. Durante a investigação surgiu a morte suspeita de Elenir e demos um outro foco que acabou culminando em mais um crime chocante em Caçador, infelizmente”, disse o delegado.