Os três réus acusados de sequestro, estupro e homicídio contra Júlio Cesar Pereira Lopes, em Calmon, se contradisseram nesta sexta-feira, 18, durante depoimentos prestados no júri popular, em Caçador. Os acusados dos crimes são Cleiton da Silva Reval, de 34 anos, Cristiano Alves Antunes, 21, e Felipe Cesar da Luz, 21, os quais foram ouvidos no Tribunal na parte da manhã. A família da vítima assiste ao júri e pede justiça.
O juiz de direito Rodrigo Dadalt, que preside a sessão no Tribunal, questionou os depoimentos dos réus que tentam se livrar das acusações. Cada um dos acusados apresentou versões complemente diferentes dos depoimentos prestados à polícia na época dos fatos, em 2014.
Cleiton, acusado de ser o mentor do crime, assumiu a autoria apenas do homicídio. Ele, Cristiano e Felipe negaram que houve estupro e sequestro na casa. Os três negam também que Cristiano e Felipe participaram do homicídio.
Já os depoimentos dados à polícia na época dos fatos apresentam a confissão dos três réus, que assumiram o sequestro, o estupro e o homicídio, em coautoria, segundo o Ministério Público. Em júri popular, eles disseram que mentiram no primeiro depoimento porque estavam com medo da polícia.
Já para o Ministério Público, não resta dúvida de que os acusados praticaram os crimes descritos na denúncia. A promotora de justiça Luciana Leal Musa entende que as evidências são desfavoráveis aos réus. No Tribunal do Júri, ela disse que os acusados agiram em conjunto para cometer os crimes contra Júlio.
Luciana lembra que no dia dos fatos todos estavam se divertindo no bar. No meio da festa, a vítima dançou com algumas meninas, entre elas duas ex-namoradas dos réus Cleiton e Cristiano, que não gostaram disso. Imbuídos do sentimento de “dar uma lição” em Júlio, os três cometeram juntos os crimes após saírem do bar, alega a promotora.
“Cleiton disse para os outros réus chamarem a vítima para tomar umas bebidas na casa dele, e inocentemente Júlio aceitou a proposta. Na casa, eles revelaram a verdadeira intenção, e passaram a submeter a vítima à tortura. Com um facão, Cleiton fez ferimentos por todo corpo de Júlio, além de uma cruz no peito. Eles mandaram a vítima tomar banho e a submeteram a estupros. Depois de tudo isso, levaram para fora e Cleiton fez numerosos golpes até a morte”, resumiu a promotora.
Depoimento de Cleiton
Ao juiz, Cleiton confessou em júri que queria dar uma lição em Júlio porque ele tinha dançado com a sua ex-namorada. O réu alega que foi até a sua casa apenas para buscar o facão (arma usada no homicídio), que não cometeu estupro ou sequestro. Sobre como deixou a vítima desfigurada, Cleiton diz não se lembrar.
Depoimento de Cristiano
Cristiano diz que apenas ele e Felipe estavam no bar, e que Cleiton estava do lado de fora e pediu para chamar a vítima para sair beber. “Saímos do local da festa e fomos direto para a caixa d’água”, relatou o réu, se referindo ao ponto onde o homicídio ocorreu. Disse também que não houve estupro, que não participou do homicídio, e que não sabia que Cleiton queria matar a vítima.
Depoimento de Felipe
Felipe também disse que estavam apenas ele e Cristiano bebendo no bar, e que Cleiton se encontrou com eles do lado de fora, onde pediu para chamar a vítima. Disse que acompanhou Cleiton até a casa dele, onde ficou por cinco minutos e saiu. Depois foram na caixa d’água. Felipe alega que não presenciou o homicídio, que nesse momento havia ido pegar um litro de vodka na casa de Cleiton. Quando estava voltando para a caixa d’água ele e Cristiano encontraram Cleiton sujo de sangue, o qual em seguida contou que matou Júlio.
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