Seis presos na Operação Emergência, que tiveram a prisão temporária prorrogada por mais cinco dias, estão em celas separadas dos demais detentos, segundo a direção do Presídio Regional de Caçador. Ao todo, nove pessoas foram presas na última quinta-feira, 2, suspeitas de integrarem uma organização criminosa que fraudava a lista de espera por procedimentos do Sistema Único de Saúde (SUS).
Na segunda, 6, ganharam a liberdade dois presos: Sérgio José Schmitz Júnior (diretor do hospital Maicé) e May Filho Chagas da Silveira (médico de Videira). Já a investigada Zélia Cardoso dos Santos teve a prisão convertida para a domiciliar.
Segundo o Presídio, continuam encarcerados Selmir Paulo Bodanese, de Rio das Antas; Ricardo Chagas Bassan, médico; Rogerio Neves, de Balneário Camboriú; José Roberto Queiroz, médico de Caçador; Sarah Cristina Chiesa Massoco, enfermeira de Caçador; e Márcio José Farrapo, vereador de Caçador.
O gerente do Presídio de Caçador, Wilton Lazarotto, explica que os presos nesta operação possuem uma rotina normal dentro da unidade, porém estão em celas separadas dos demais presos provisórios.
“Eles estão no que chamamos de triagem, que é uma cela de adaptação, que todo preso passa quando chega. Mas se a prisão for convertida para a preventiva, caso não tenha ensino superior completo, irá para as celas comuns. Quem tiver nível superior, irá para a cela especial, conforme diz a lei”, comenta.
Além das prisões, a operação Emergência cumpriu 38 mandados busca e apreensão. Os alvos foram Caçador, Lebon Régis, Ibiam, Timbó Grande, Ibicaré, Videira, Rio das Antas, Calmon, Santa Cecília, Faxinal dos Guedes, Ponte Serrada.
Operação Emergência
Segundo o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), as investigações continuam e apuram a prática dos crimes de organização criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação, concussão, corrupção ativa e passiva, falsidade ideológica, falsidade de atestado médico, fraude em licitação, entre outros crimes e atos de improbidade administrativa.
O nome da operação deve-se ao fato de a investigação apontar que a organização criminosa atuava de modo a "emergenciar" os pacientes favorecidos, simulando situações de emergência clínica para que os pacientes, mediante pagamento ou outros interesses, recebessem atendimento como urgência hospitalar, burlando as centenas de pessoas que aguardam procedimentos cirúrgicos nas listas de espera do SUS.
De acordo com o MPSC, Durante a investigação constatou-se esquema paralelo e escuso de "fura-fila" no SUS, envolvendo agentes públicos e terceiros, que beneficiam pessoas determinadas em procedimentos cirúrgicos e, mediante o pagamento indevido e violação às regras de organização e funcionamento do SUS, adotam medidas ilícitas, para "agilizar" o atendimento respectivo, em sua maioria no Hospital Maicé de Caçador.
Entre as práticas ilícitas adotadas para agilizar e desrespeitar a ordem de atendimento estava a inserção de dados falsos no Sistema Nacional de Regulação (SISREG) pelos profissionais de saúde, que registravam um procedimento eletivo como "emergência".
Em nota oficial, a direção do hospital Maicé informou que são apuradas possíveis irregularidades cometidas por prestadores de serviços e colaboradores, e que a direção está auxiliando e disponibilizando tudo aquilo que for necessário para esclarecer os fatos e apurar as responsabilidades.