A confiança de Junior Cigano está alta. A explicação é simples: após um contratempo no primeiro round contra Tai Tuivasa, quando sentiu um chute forte na perna esquerda, o ex-campeão peso-pesado nocauteou o australiano no UFC Adelaide neste último sábado, e engrenou a segunda vitória consecutiva. O sentimento depois do confronto era de alívio, e uma crença maior ainda de que voltará a ser campeão no Ultimate.
“A sensação é maravilhosa, nosso objetivo é vencer, e quando tudo dá certo é uma sensação inexplicável. É um trem que sai de cima da gente. Não existe esporte tão duro como esse. Fiquei três meses treinando arduamente na ATT, o professor (Luiz Dórea) veio e a gente fez um treino muito pesado. Não é só a luta, a luta é o momento bom da coisa, o treinamento em si é muito duro, e as pessoas não têm noção do que realmente é. Então, chegar aqui e conseguir uma vitória é incrível, uma vitória gigantesca na nossa vida. Ter conseguido completar o trabalho de uma forma positiva é muito gratificante “disse o lutador em entrevista do UFC”, disse.
Depois de se tornar campeão em 2011 vencendo Cain Velasquez, Cigano defendeu o cinturão contra Frank Mir no ano seguinte e, no final do mesmo ano, teve o cinturão retomado por Velasquez. Em 2013, perdeu nova chance de ser campeão contra o americano de origem mexicana, e em 2017 perdeu para o então campeão Stipe Miocic.
“Sou um cara muito positivo, tenho muita fé, e acredito que, independente de quando, vou voltar a ser campeão. Não tenho dúvida. Isso é automático, isso vai acontecer, nada e nem ninguém pode fazer nada para me parar e parar esse processo”, observa.
O lutador catarinense de 34 anos sabe que o próximo compromisso não será numa nova oportunidade de título, mas após a vitória já pediu por um rival específico. Após perder para Overeem em 2015, Cigano quer a revanche com o holandês.
“Pedi o Overeem, ele lutou bem na última luta, acho que seria uma revanche interessante para nós “disse o brasileiro, citando a vitória do holandês contra Sergey Pavlovich na semana passada”, comenta.
Junior Cigano ainda analisou a luta com o jovem australiano de 25 anos, que conheceu a primeira derrota na carreira depois de vencer suas dez primeiras lutas.
“Ele foi muito bem, na verdade. Eu estava movimentando, tentando achar o meu tempo, o tempo do jab, dos golpes retos que o professor estava pedindo do córner. Mas lógico, a gente tem que encontrar esse tempo dentro durante a luta. Ele estava movimentando bem até, botando uma pressão, e começou a dar uns chutes fortes no final do primeiro round, quando pegou um chute mais forte que deu uma abalada. Mas voltei... Acho que quando se tem fé, se tem tudo. Voltei no segundo round confiante, o professor deu umas palavras ali no córner, você dá aquela respirada profunda e vamos para a guerra novamente. “É agora ou nunca”. E foi por isso que até parei um pouco de movimentar no segundo round, para não exigir muito da perna. E aí é pau trocado (risos). Ele veio jogando os golpes, conectei um jab direto, acho que o direto pegou melhor, vi que ele sentiu um pouco e já joguei um swing, um overhand, na cabeça dele, ele continuou sentindo, e eu continuei batendo, batendo, ele caiu, eu batendo, batendo, sabia que ali era um momento de não parar de bater, e foi o que eu fiz até o juiz parar a luta”, declarou.
No chão, Tai Tuivasa, mesmo atordoado, tentava travar os braços do brasileiro, mas Cigano livrou-se da posição e montou para iniciar uma sequência de golpes que, aos poucos, foram atordoando o australiano até que o árbitro Herb Dean interrompeu a luta.
“(Naquele momento), na verdade, não passa muita coisa não (na cabeça). O negócio é meio que estabilizar a posição, você não perder a posição primeiramente, por isso que a gente vai movimentando e não só batendo. Ali ele me deu espaço para montar e fui montando, e continuando a bater. Ali não adiantar parar de bater para sair para uma finalização ou algo assim, o negócio é continuar batendo para o juiz parar e ainda bem que a gente teve sucesso nessa estratégia”, disse.
Sobre o golpe que o fez mancar no primeiro round e voltar para o segundo longe dos 100% de condição para lutar, Junior Cigano destacou que o contratempo é normal na luta. O normal é não sair como se imagina antes.
“O que eu queria era o nocaute. E no segundo round, como falei. Acho que correu tudo muito bem. Luta é imprevisível, às vezes a gente tem que saber lidar. Dificilmente vai ser como a gente planeja, então a gente tem que estar pronto para as eventualidades que podem acontecer na luta. Foi uma eventualidade bem dura que aconteceu comigo hoje, mas a gente foi feliz e conseguiu continuar seguindo a estratégia e fazendo ela funcionar”, concluiu.