Um novo protesto contra a Reforma da Previdência foi realizado na tarde desta sexta-feira, 14, em Caçador. Dezenas de manifestantes estão reunidos na praça Nossa Senhora Aparecida, no Centro, desde o início da tarde. O ato, denominado Greve Geral, é organizado por diversos sindicatos e acontece em outras cidades do país.
Valmor de Paula, um dos líderes sindicais de Caçador, falou em nome dos manifestantes. Ele afirma que a Previdência não é deficitária, e considera a Reforma um atentado contra os trabalhadores.
“Ela não retira privilégios como o Governo tem dito. Ela tira de quem ganha um salário mínimo, de quem recebe benefício de prestação continuada (BPC), tira das pessoas pobres, que são os que mais sofrem. Colocar idade mínima de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres é uma crueldade”, afirma.
Ele também critica a Reforma Trabalhista, aprovada em 2017, que, segundo ele, fez aumentar o desemprego e o trabalho informal. Atualmente, o número de pessoas desocupadas é de 13,2 milhões, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados no final de maio. “Vamos fazer o debate. Essas reformas não servem para os trabalhadores”, acrescenta.
A vice-coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte/SC), Ilone Moriggi, reclama que os profissionais da Educação serão bastante prejudicados com a Reforma da Previdência, principalmente as professoras e os contratados de forma temporária.
“Nós mulheres já temos uma grande dificuldade de igualar ao salário do homem, e agora seremos atingidas por esta reforma, que quer nivelar as idades. Temos direito à aposentadoria especial, porque nós mulheres temos uma tripla jornada de trabalho: na empresa, na escola e na vida doméstica. Nós temos esse direito”, disse.
Outras pautas foram levantadas pelos participantes, como o contigenciamento de gastos na Educação feito pelo Governo Federal.
Em Caçador, o protesto deve acontecer até o final da tarde.
O que diz o Governo
Em seu site sobre a reforma, o governo afirma que "o texto estabelece uma lógica bem simples: acabar com privilégios. Pelas regras propostas, quem ganha mais deve contribuir mais com o sistema de aposentadorias; já aqueles com salários menores devem contribuir menos.
Nesta semana, durante audiência sobre a reforma na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que considerava um privilégio o alto salário dos servidores do Legislativo.
"O salário médio de um auxiliar, funcionário do Legislativo --não estou falando dos senhores [deputados], estou falando dos seus funcionários-- é 20 vezes o salário médio do trabalhador brasileiro. Isso é o que eu entendo por privilégio. É isso que está sendo cortado", afirmou Paulo Guedes ao ser questionado o que considerava privilégio, e como a reforma acabaria com ele.
Além de citar o salário dos servidores, Guedes colocou a aposentadoria dos políticos entre os privilégios que serão cortados com a reforma. "Os senhores políticos vão se aposentar com R$ 5.800, que vai ser o teto, igual a todo mundo. Esse privilégio vai embora também, vocês estão no regime geral", disse Guedes.
As mudanças nas regras de aposentadoria dos militares trarão uma economia de R$ 97,3 bilhões, segundo cálculos do governo. No pacote, porém, também foi incluída a reestruturação da carreira dos integrantes das Forças Armadas, o que custará R$ 86,85 bilhões aos cofres públicos, reduzindo a economia total para R$ 10,45 bilhões em dez anos. A presidente do IBDP questiona o peso que a economia dos militares terá no volume total da reforma, comparado ao dos demais trabalhadores.
A reforma cria também restrições para que as pessoas acumulem mais do que um benefício, como aposentadoria e pensão por morte, por exemplo. "Para combater privilégios, a Proposta de Emenda Constitucional da Nova Previdência prevê mudanças nas regras de acumulação de pensões com aposentadorias", afirma o governo.