Dificilmente os fãs do esporte caçadorense vão esquecer de Gabi, jogadora que fez sucesso no futsal feminino do município em 2004, 2005 e parte de 2006. Com a camisa 10 e a inseparável faixa na cabeça, a atleta se destacou junto com o Kindermann/UnC/Caçador e logo teve seu talento reconhecido em todo país e no mundo. Aos torcedores ficou a lembrança das jogadas da craque, dos gols e dos títulos.
Em entrevista por e-mail ao Portal Caçador Online, Gabriela Zanotti Demoner lembra de momentos inesquecíveis que passou jogando por Caçador, como a conquista da Taça Brasil 2005 quando foi escolhida a melhor jogadora do país ao lado do craque Falcão, além da conquista do Campeonato Mundial Universitário na Turquia.
Prestes a completar 24 anos no próximo sábado, Gabi afirma que já conquistou reconhecimento nos Estados Unidos e tem como objetivo jogar na Liga Profissional em 2010. Confira a entrevista completa.
Quando o futebol ou futsal passou a fazer parte da sua vida?
Minha família sempre foi muito ligada a esporte, principalmente futebol. Meu pai e minha mãe jogavam, inclusive eu e minha mãe jogamos no mesmo time. Entrei para o primeiro time com 8 anos para jogar futebol de campo em Itaguaçu (ES) e dois anos depois fui morar em Vitória (ES) em busca de um estudo melhor e maiores oportunidades no futebol. Então ganhei bolsa de estudo para jogar futsal e depois comecei a jogar Beach Soccer.
Como foi sua vinda a Caçador?
Na verdade tudo começou quando eu fui disputar em 2003 a Taça Brasil sub-20 com a equipe do Espírito Santo, em Chapecó (SC). A equipe fez uma excelente campanha e conseqüentemente eu e a mesma nos destacamos. A partir daí recebemos a proposta de se integrar ao time de Caçador em Janeiro de 2004.
Como você define sua passagem pelo Kindermann?
Posso dizer que foi excelente, pois conquistei os principais títulos (individual e coletivo) que o futsal feminino oferece, seja a nível nacional ou estadual.
A convocação para Seleção Brasileira de Futsal veio como reconhecimento dessa excelente passagem. Outro fato que não posso deixar de destacar também, foi a convocação para a Seleção Brasileira Universitária para disputar a Universiade na Turquia em 2005. A soma de todos esses fatores resultou na oportunidade de vir para os USA.
Algum jogo, título ou momento inesquecível atuando por Caçador?
A conquista da primeira Taça Brasil em 2005. Primeiro título a nível Nacional e além disso, tive o prazer de ser elogiada pelo melhor jogador do mundo de futsal, “Falcão”
Como foi ser escolhida a melhor jogadora de futsal do país juntamente com o Falcão?
Um momento indescritível, ainda mais por estar recebendo esse prêmio não só ao lado do melhor jogador do Brasil, mas sim do melhor jogador do mundo.
Foi maravilhoso, pois foi um reconhecimento de um trabalho que muitas vezes parece ser fácil, mas somente quem está vivendo o dia-dia sabe o quanto é difícil. Eu considero essa conquista não como sendo só minha, mas de toda a minha equipe. Sou muito grata a todos, pois sem o trabalho em conjunto o título individual não viria.
Enquanto estava em Caçador recebeu muitas propostas? O que te levou a ir para os EUA e jogar campo?
Sim, principalmente em nível de Brasil. Mas a equipe, a estrutura e a segurança que o Kindermann oferecia não me faziam pensar na possibilidade de trocar de equipe dentro do Brasil.
Os fatores que trouxeram para os USA: a estrutura e a possibilidade de um futuro melhor tanto como atleta como no âmbito profissional (trabalho).
Opção por campo: Por mais que o futsal aí no Brasil já tenha um grande reconhecimento, não vejo a minha geração com a possibilidade de viver disso. Esse foi um dos grandes motivos do porque eu optei vir para os USA e jogar campo, pois o campo tanto nos USA quanto Europa, oferece a possibilidade para atletas viverem disso no futuro. Acredito ser também por busca de reconhecimento pessoal em diferentes áreas. Mas como um desafio pessoal mesmo.
Em qual time joga, em que posição e qual campeonato estão disputando?
Franklin Pierce University, meia-atacante. Jogo a liga NSCAA/Adidas. A liga é composta por três etapas: Estadual, Inter-Estadual e Nacional. Os campeões Estaduais vão para o Inter-Estadual e os campeões Inter-Estaduais vão para o Nacional. A final do Nacional é composta por quatro equipes.
Ainda joga com a camisa 10 e com a faixa na cabeça?
Sim. Só que às vezes o que muda é o tamanho da faixa, pois devido ao frio às vezes eu jogo com uma faixa que cobre a orelha também.
Qual teus objetivos daqui pra frente? Sonha em chegar a Seleção Brasileira?
Esse ano, me formar, e ser campeã Nacional. E para o próximo ano, espero fazer parte da nova liga Profissional Americana.
Como qualquer atleta, um dia já sonhei! Mas hoje esse não é o meu grande objetivo. Acredito que no Brasil nem sempre seu trabalho é reconhecido, às vezes você precisa ter um algo mais, precisa ter uma certa “influência”, um Q.I. (Quem Indica) para chegar a níveis mais altos. Essa é a grande diferença entre Brasil e USA, e é por isso que hoje estou feliz aqui, pois esse reconhecimento no campo já chegou.
Uma breve análise do futebol feminino brasileiro nos últimos anos e uma comparação com o norte americano?
Ao meu ver está evoluindo, mas essa evolução só acontece num certos períodos, após a Copa do Mundo Feminina e Olimpíadas. E isso devido a grande pressão dos veículos de comunicação.
Já o grande diferencial do futebol Americano para o Brasileiro é a estrutura e o apoio que acontece desde os 7 anos.
O futebol norte-americano não é composto pela ginga, malícia e técnica (habilidade), porém a força física e a resistência são os grandes diferenciais. E isso é o que tem feito a seleção Americana se sobressair sobre a Brasileira.
Pensa algum dia em voltar a atuar no Brasil?
Sim. Porém não agora. Como disse anteriormente, tenho muitos objetivos fora do Brasil ainda.
Veja vídeo da atleta aqui