Fim de tarde em um sábado que já mostrava as tonalidades do inverno caçadorense. No anfiteatro a céu aberto do nosso querido e muito bem frequentado Parque Central é que encontramos um senhor de feições simples, muito espirituoso e bem vestido. Que se encontrava de posse de sua inseparável companheira, sua viola que ao cair da tarde ecoava seu lindo som de vozes nos fazendo lembrar dos entardeceres do interior.
E lá se vão os minutos ao som daquela voz agradável e ao som da viola entre “causos” que nos fazem pensar em nossos temores infantis, figuras lendárias como lobisomens, pessoas de “corpo seco”, aqueles que a tantos fizeram o mal que não são recebidos no céu nem no inferno e que nem o purgatório os acolhe, e passam a vagar pelas estradas em busca de conforto. Os “causos” e canções populares que encantam com sua simplicidade e com sua beleza e ajudam a entender os medos que tínhamos na infância que hoje em nossa idade adulta não nos tiram mais o sono, nem nos fazem temer o escuro.
Vamos falar de nosso querido Paulo Freire. Um homem letrado que tem no linguajar a sabedoria do matuto, do mineiro interiorano que o ensinou a tocar viola e que o fez escutar atentamente as antigas histórias contadas por nossos avós e seus avós antes deles, coisas sobre o fantástico mundo que em outros continentes maravilhavam milhares de crianças, assim como a muitos escritores famosos e inspiraram grandes fábulas e que em nosso país podemos citar como exemplo Monteiro Lobato com o “Sítio do Pica-pau Amarelo”.
Ao fim da apresentação conversamos um pouco com esse matuto mineiro paulistano onde descobrimos que o cara “simprão” que estava ali tocando abandonou a faculdade de jornalismo para migrar para o interior a fim de estudar a viola e os costumes do homem do campo. Mais tarde mudou-se para a Europa onde estudou música, fez várias tours pelo Velho Mundo e África tocando música popular brasileira. Além de excelente violeiro, compositor, escritor e contador de “causos”, mas nunca um mentiroso porque “os que mentem são os pescadores e não os contadores de histórias muito menos os violeiros”, segundo Paulo Freire.
O público foi agraciado com um maravilhoso fim de tarde e saiu sorridente, pois nosso amigo Paulo, o homem que não mente, nos fez relembrar de coisas de nossa longínqua infância, dos medos que nos atormentavam e da vida maravilhosa que tínhamos. Deixou aquele ar de nostalgia nos presentes. Foi um espetáculo de poucos recursos tecnológicos e que merecia uma boa fogueira para deixar o clima perfeito.
Agradecimentos ao SESC por proporcionar este espetáculo ao povo caçadorense.
Abraços cordiais e nos vemos por aí!
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Texto Kinder Kloss
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