A Saúde foi o tema principal da sessão desta terça-feira, 10, na Câmara Municipal de Caçador. Os vereadores Carlos Evandro Luz (PMDB) e Glaci Pereira (PMDB) fizeram denúncias de possíveis irregularidades na Secretaria Municipal de Saúde, mais precisamente no setor de Tratamento Fora do Domicílio (TFD). Segundo Carlão, há indícios de mau uso e desvio de dinheiro público.
Na oportunidade os vereadores solicitaram relatório de viagens realizadas desde janeiro de 2013, feitas pelas empresas vencedoras da licitação - Schumacher e Reunidas, por veículos próprios da secretaria e ainda por linhas regulares de ônibus. O requerimento solicita informações como destino das viagens, veículos utilizados, lista de pacientes e acompanhantes, diárias de motoristas e unidade hospitalar, para comprovar a realização dos serviços.
“Formulamos esses requerimentos baseados em indícios e evidências de viagens inexistentes, ou não compatíveis as descritas e pagas pelo erário público. Até porque me causou estranheza que em determinado dia quatro vans da empresa Schumacher partiram com destino a Xanxerê e a Joaçaba levando 12 pacientes no total, cujos veículos tinham capacidade para transportar cada um deles, 26 pessoas”, questiona Carlos Evandro Luz.
Conforme o vereador, tais informações foram solicitadas anteriormente à secretaria informalmente, que não encaminhou respostas. Ainda na oportunidade, o parlamentar comentou outros casos semelhantes, com supostas irregularidades.
“Ligamos para uma pessoa que constava numa lista de pacientes transportados pela empresa Schumacher. Mas na verdade ele nos falou que foi levado por um veículo próprio da secretaria de saúde. E portanto aquela viagem paga pelo município efetivamente não se realizou. É um indício claro de que algo está errado, sem contar que verificamos um aumento considerável dos custos com o TFD nos últimos meses”, acrescentou.
Por fim, Carlão lembrou que ainda não recebeu explicações da distribuição de protetores solares vencidos para agentes de saúde. “Vamos aguardar mais até o final dessa semana, Caso contrário segunda-feira estarei impetrando em juízo um pleito para que a Câmara não perca o direito de fiscalizar”, concluiu.
Marido da secretária faz uso da tribuna
Ainda na sessão desta terça-feira, Adriano de Souza, marido da secretária municipal de Saúde, Rejane Serafini, fez uso da palavra livre para explicar sua participação nos trabalhos da pasta. Ele foi questionado por vereadores de estar interfirindo em reuniões, mandando em funcionários e utilizando veículo público.
Na ocasião, Adriano disse que decidiu falar na tribuna porque teve o nome citado em sessões anteriores. Ele admitiu ajudar nos trabalhos de bastidores, como indicação de médicos e na motivação dos funcionários, mesmo não tendo cargo oficial dentro da administração pública.
“A saúde é um setor complicado. Encontramos pessoas com auto estima baixa, ajudei a motivar a equipe. Não vejo mal em passar nas unidades de saúde. Estou dando minha contribuição, mas a hora que acharem que não estou fazendo algo bom eu me retiro”, disse Adriano.
“Ninguém questionou o atendimento médico ou reclamações relacionadas à secretaria de Saúde, o que levantamos aqui foram irregularidades, desonestidade. O fato de ser marido da secretária de Saúde ou funcionário particular do doutor Nadir Bica, não lhe dá esse direito. Mas o que me preocupa é o dinheiro público gasto dessa forma”, afirma o vereador Carlos Evandro Luz.
Diversas foram as manifestações sobre as atitudes tomadas por Adriano de Souza, tais como a solicitação de documentos ainda não recebidos. “O senhor estava lá para dar injeção de ânimo, mas como se nem funcionário o senhor é”, questiona o vereador Moacir D´Agostini.
“Como líder do prefeito Beto Comazzetto, o nosso papel é estreitar a relação com essa Casa, mas jamais se omitir. Tenho presenciado o atendimento na Saúde que tem melhorado, mas lamentavelmente isso não justifica uma ilegalidade. Não podemos admitir que isso se instalasses dentro do Poder Público. Eu lamento e posso dizer que o Adriano está no lugar errado, respondendo coisas erradas pela pessoa errada”, comenta o vereador Valmor de Paula.
O parlamentar Ricardo Pelegrinello também partilhou da opinião dos demais pares; e a vereadora Cleony Figur fez questionamentos sobre o trabalho exercido por Adriano, sem obter resposta. “Eu fui eleita em 2013 com dever e obrigação de fiscalizar, e queira o senhor ou a sua esposa, o que estiver errado nós vamos fiscalizar”, anuncia a vereadora Glaci Pereira.
Servidor tem função questionada
O vereador Carlos Evandro Luz solicitou informações à secretaria de Saúde através de requerimento sobre denúncias relacionadas à área. Dentre elas a respeito da contratação dos servidor Nadir Bica Pereira e o trabalho por ele prestado.
“Recebemos questionamentos acerca da condição desse médico que além de ter uma carga de 60 horas semanais, foi apresentado como diretor técnico e depois se apresentou como coordenador geral dos médicos. Em virtude disso, fizemos uma pesquisa no Diário Oficial e não detectamos portaria que lhe desse essa condição. Portanto solicitamos essas informações para esclarecer dúvidas e cumprir o dever que essa atividade nos impõem”, justifica o vereador.