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Palavra Andante


Um Tesouro Magnífico

Perder a paciência é algo relativamente comum. Muitas vezes basta uma faísca e o paiol explode. Não deveria ser assim, porque quando perdemos a paciência, entramos num território incerto e selvagem, habitado por feras que rosnam e mordem. Seus nomes são: grosseria, gritaria e injustiça. Quando perdemos a paciência, ficamos a dois passos do inferno e da violência.

Para evitar essa desgraça, uma estratégia é tratar a paciência como um tesouro magnífico que você tem. Ninguém quer perder algo valioso. Construímos defesas e esconderijos para salvar nossas riquezas. Deixo aqui alternativas para conservar o tesouro da paciência. São mapas, bússolas, GPS e alarmes para que nossa paciência não se perca assim tão fácil:

• Na hora do tranco diga “um momento” e vá tomar um copo d’água. Ou dois. Pode ser com gelo. Se der, tome um banho também. A água tem muita paciência (principalmente em estado sólido). E a água sabe se transformar. Ela navega, corre e voa. Desliza pelas pedras, afunda na grama e dança no céu. Quem sabe em sua companhia a gente melhore um pouco.

• No calor do aço, vá ao banheiro. Os banheiros – principalmente quando limpos – tem outra atmosfera, geralmente mais fria e silenciosa, que ajuda a serenar a mente. Os banheiros possuem espelhos, onde podemos avaliar o quanto nossa beleza está cansada e se vale a pena continuar tenso.

• Respire fundo. Essa velha dica segue valendo. O oxigênio (que é gênio até no nome) chega rapidinho na mente, esfria a cabeça e tira a sujeira das ideias.

• Faça algo inusitado como cantar o hino do Flamengo ou soltar um pum. Quem sabe o conflito vira risada?

• Pense que sua paciência está aí, dentro de você, (ou ao seu lado, como um dobermann). Portanto ela não precisa sair correndo para morder a outra pessoa. Ela vai ficar ali, com você.

• Imagine que seu pavio é loooongo. Vai daqui até a gruta de Castelhanos. Não, não. Vai mais. Vai até Juazeiro do Norte, até Benares, a cidade sagrada da Índia, e entra no Rio Ganges, toma banho e não explode nunca.

Até porque, quando a paciência estoura, é nosso tesouro que vai pelos ares, levando com ele fragmentos da civilização. Enquanto cacos de culpa e remorso se fincam na nossa história. É um prejuízo grande.

Mas, se você cuida da paciência, ela cuida de você. E quanto mais você guarda esse tesouro, mais ele cresce.

Rodrigo Espinosa Cabral


Rodrigo Espinosa Cabral

Rodrigo Espinosa Cabral, brasileiro, vegetariano, gremista. Um pedaço de poeira cósmica que, às vezes, escreve. Palavra Andante, um passeio pelo mundo das letras.

rodrigoec@gmail.com