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Amor & Sexo


Quando não se tem nada, não há nada a perder

“Oi Lidi. Você não faz ideia quantas vezes parei em frente do computador para escrever para você. Meus dedos coçavam, mas, no último instante acabava desistindo de enviar. Escrevi e reescrevi este texto inúmeras vezes. Se passaram seis meses desde que comecei a ensaiar para escrever esse e-mail. Mas hoje finalmente tomei coragem e enviei. Afinal, sou apenas mais uma com problema de coração, melhor, problema de amor mal resolvido. Quantas pessoas sei que tem ou já teve uma relação semelhante a minha. Por isso tomei coragem e abri meu coração. Não suporto mais essa angústia, se eu não me abrir com alguém vou enlouquecer. Bom, agora vamos ao meu dilema. Lidi, amo muito um rapaz, mas não estou com ele. Esse amor platônico me persegue há mais de cinco anos. Penso nele 24 horas por dia. No início até engatamos um namoro, mas, logo ele terminou comigo, ou melhor, simplesmente sumiu. Aparecia quando queria. Eu ia do céu ao inferno em segundo.

Quando estava longe dele passava mil coisas pela minha cabeça. Nossa! Eu sofria demais. No começo cheguei a emagrecer 10 quilos. O lado bom dessa ausência, desse sofrimento, dessa tortura foi que perdi peso. Fiquei mais bonita. Pelo menos as pessoas notaram que afinei a cintura. Mas, o que todo mundo não sabe, é que essa secura é decorrente de muita dor, muito sofrimento. Como é doída essa dor do amor! Sabe Lidi, quando nos conhecemos nos víamos todos os finais de semana. Mas até chegar o fim de semana era uma tortura, porque ele não dava sinal de vida. Eu até tentava manter contato mas ele não respondia. Aquela frieza, aquele pouco caso, aquela indiferença me corroia por dentro. Não tinha vontade de fazer nada. Meu rendimento no trabalho caiu, pois ele não saia da minha cabeça. Eu nunca sabia se tinha me deixado ou se apenas era "desligadão" mesmo. Parece uma coisa, mas pensava e continuo pensando nele 24 horas por dia. Nossa

Lidi! Lembro que era só ele dar sinal de vida que eu me derretia. Meu sorriso ia de orelha a orelha. E olha que não sou nenhuma jovenzinha, já estou beirando os 45 anos. Você não faz ideia quanto já implorar por amor, atenção e carinho desse homem. Quando ele aparecia eu fazia tudo para agradar. Você acredita que eu chegava a fazer três X-Saladas com tudo que tem direito para ele? Como fui burra Lidi! Muitas vezes me peguei tendo que passar a bolacha salgada e chá porque estava sem um vintém no bolso. Você acha que alguma vez ele perguntou se eu precisava de algo? Nunca. Só vinha me sugar. Eu, uma baita burra, cega de amor, sempre preparava um banquete para encher a pança daquele morto de fome. Uisquinho do bom, vinhozinho, cerveja. Nossa, que idiota! Tudo para ganhar algumas horas de prazer. Horas? Que horas?Normalmente mandava uma mensagem dizendo que estava com saudades e eu, carente e apaixonada, mais do que depressa dizia para vir que eu estava o esperando de braços abertos, cheinha de amor pra dar. Nossa, que tremenda otária que fui durante todos esses anos! Ele chegava, se satisfazia, comia, bebia e depois ia embora. E eu? Eu dormia como uma rainha e acordava como uma plebéia, porque nunca sabia se voltaria ou quando voltaria. Todo aquele encantamento vinha por terra na manhã seguinte. Você acredita Lidiane que já se passaram mais de cinco anos e continuo enfeitiçado por esse homem. Ele vai e volta sempre. Some e desaparece quando bem entende. E eu, burra e apaixonada como sou, aceito ele todas as vezes que me procura. O que mais me cobro é que não consigo dizer não com relação ao preservativo.

Sempre transamos sem camisinha. Ela até já me passou doença, me tratei e todas as vezes que ele me procura, acabo cedendo e abrindo mão da camisinha. Sei que ele não sai só comigo, desconfio também que transa com outras sem proteção. Mas, tenho medo de exigir que use camisinha e ele acabe não me procurando mais. Ai Lidi, parece um feitiço, não consigo me desligar desse homem. Sei que não me faz bem, mas na consigo me desligar dele. Não consigo me controlar quando vejo já liguei, já mandei mensagem, já me humilhei, já implorei, já fiz conta para comprar vários agradinhos para meu amor. Lidi, será que algum dia a gente vai ficar junto de vez?” Ellen – Centro

Ellen, Ellen! Como nós mulheres nos contentamos com tão pouco. Nós mulheres somos românticas demais, sonhadoras demais, iludidas demais, carentes demais, apaixonadas demais. E esse é o nosso mal. Seria tão mais saudável se conseguíssemos controlar nossos sentimentos. Mas não, a maioria das mulheres já, num primeiro momento, se jogam de cabeça na relação. Mulher é bicho burro mesmo! Bastou o homem olhar diferente que ela já vê ele como um futuro candidato a marido. É verdade ou não é? Diga aí.

Amiga, sabe de uma coisa? Eu cheguei a conclusão de que para que a relação tenha um equilíbrio o homem tem que gostar mais da mulher, do que ela dele. Assim, as chances da relação ser saudável é maior. Masss, que fique claro, tem que existir amor de ambos as partes. Porque para mim, AMOR que se ama sozinho, não é amor, É TORTURA. Gente, não nada pior do que amar sozinho, AMAR e não ser correspondido.

Outro ponto que vai concordar comigo. Me diga se não é bem assim em todas as relações. Quando a mulher é certinha o homem apronta e quando a mulher apronta o homem é certinho. Eitá! Que droga isso! Por que as relações não são saudáveis e maduras? Você pode analisar. Pare e observe as relações de seus amigos, parentes e conhecidos. Normalmente é bem assim como acabei de relatar, infelizmente.

Por isso insisto em dizer que o homem sempre tem que gostar mais da mulher do que ela dele. Porque é da natureza do homem a infidelidade. As mulheres são bem mais calmas que os homens. Claro que tem as exceções, e quando a mulher dá pra ser `traia´, sai debaixo. (srsrsr)

Mas amiga Ellen, você não acha que esse seu grande amor não está te dando muito pouco pelo tanto de você gosta e faz por ele? Sabe amiga, eu já fui bem burrinha como você. A melhor coisa que aconteceu em minha vida, foi ter levado vários pontapés na bunda. É sério! Só assim aprendi a me dar valor. A não aceitar pouco. Hoje só dou o que recebo. Se não recebo nada, então não dou nada. Sabe Ellen, sempre digo, QUANDO NÃO SE TEM NADA, NÃO HÁ NADA A PERDER.

Por isso eu te digo: ACORDA MENINA! Esse cara só te procura para dar uma variada no sexo. E de quebra ainda sai de barriga cheia. Não gasta com comida, bebida, nem motel. O que esperar de um vivente como este?

Poxa Ellen, nem você, nem EU, nem MULHER alguma merece ser usada e depois descartada como uma garrafa pet. Você não é de se jogar fora menina. É uma mulher linda, inteligente, bem resolvida, bem sucedida. Será que precisa ficar mendigando amor, atenção e carinho? Claro que não. Você precisa e merece ter alguém do seu lado que primeiramente goste da sua companhia, que goste de estar com você, conversar com você, que não tenha vergonha de sair em público contigo, que tenha orgulho de você, que queira de agradar, te fazer feliz, te levar nos lugares, que queira desfilar com você para que todo mundo veja.

Ellen, se o cara não faz nada disso por você. Então amiga dê uma basta nessa história. Essa relação não faz bem para ninguém. Você é muito mais do que um par de pernas e de seios. Amiga, é mil vezes melhor dar para um `amigo íntimo´ quando as necessidades fisiológicas falam mais alto, do que dar para um cara que não te merece. Pense nisso!

Com carinho,
Lidiane Cattani Rabello - jornalista


Lidiane Cattani

Depois de conversas e conselhos sobre relacionamentos amorosos à amigas, Lidiane passou a publicar essas histórias e opiniões. Os artigos deram tão certo que já são três anos desse trabalho. A participação do leitor e as pautas sobre o assunto são muitas, o que garante boas histórias. A popularidade da coluna se justifica pelo fato dos leitores se identificarem com as situações e pela forma descontraída como a autora conduz as respostas. A maioria dos artigos são apimentados, o que aguça a curiosidade do leitor.

cattanirabello@hotmail.com