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Amor & Sexo

Por que gostamos de sofrer?


“Oi Lidiane, tudo bem, meu nome é Marcelo (nome fictício), estou em processo de divórcio e por isso estou protegendo meu nome verdadeiro, qualquer coisa que eu falar pode vir a ser usado contra mim. Costumo ler a sua coluna, por isso resolvi compartilhar parte de minha história. Nasci e morei em Caçador até meus 14 anos, quando minha família mudou-se para o litoral. Chegando lá facilmente me adaptei há aquela nova realidade de vida. Conheci muitas moças, namorei 1, 2, 3 ao mesmo tempo, fiquei com muitas, sempre tratando-as sem muito respeito e nunca me faltou mulher. Certa vez conheci uma moça, loira, baixa, linda, eu trabalhava na Prefeitura e ela era filha mais nova de uma professora da rede pública, que estava em processo de aposentadoria. Aí sempre que a sua mãe ia na prefeitura ela ia junto e acabávamos nos vendo. Começamos a namorar, ela foi meu primeiro amor. Eu passei a valorizá-la de todas as formas, era Deus no céu e ela na Terra. Namoramos, noivamos e nos casamos. Até o casamento ela era um amor de pessoa e me tratava da melhor forma possível. Era um conto de fadas!

Casamos. Eu, na época com 19 anos, já estava fazendo faculdade, ela tinha um filho que tinha tido solteira. Eu adoro criança, tanto que o menino, hoje com 18 anos, foi criado por mim. Hoje ele está indo para o 4º período da faculdade. Eu assumi ele, tem meu sobrenome, pra ele eu sou o único pai, ele sabe da existência de um pai biológico, mas não tem intenção nenhuma de conhecê-lo, porque segundo ele essa atitude poderia me magoar e isso ele nunca vai querer. Mas voltando ao início dos problemas, ops, digo do meu casamento, eu sou de origem pobre e sabia que só conseguiria melhorar de vida estudando, logo pra eu dar conta da nova família, trabalhava de dia, estudava à noite e depois da faculdade ia para outro emprego, pra poder pagar a faculdade e manter a família. Logo após o casamento ela passou a colocar o menino, com 2 anos na época, dormi no nosso meio para não ter relações comigo.

Como eu a amava demais achava tudo normal, isso foi quase um ano. Aí ela ficou grávida de nossa primeira filha, devido a gravidez ela não queria nem que eu a tocasse, eu achava normal, pensava que era devido a gravidez. A nossa primeira filha nasceu e aí começaram as agressões contra mim, me mal tratava de todas as formas possíveis. Ela dizia: “a obrigação de sustentar a casa é tua, se você não tem capacidade casasse com homem”. Até aí normal, ela até que estava certa, dentro de casa ela falava: “se quer alguma coisa faça, não vou fazer comida pra você, não vou lavar a tua roupa, não é aleijado. Se quer faça você mesmo”. Na cama ela dizia: “se quer alguma coisa contrate uma prostituta porque em mim você não vai tocar”. Chegamos a ficar até seis meses sem ter relações, nunca tivemos uma noite de amor. Ela desenvolveu uma alergia a meu esperma, quando tínhamos relação tinha que ser com preservativo e de tempos em tempos (me mantive fiel todo esse tempo), eu achava normal, não sabia como eram as coisas. Sete anos se passaram e ela engravidou de nossa segunda filha. Nós tínhamos tão poucas relações que eu lembro exatamente o dia em que tivemos a relação e ela engravidou da menina. Quando soube da gravidez pulava em mim de socos. Confessou que já planejou a minha morte, me judiava em tudo, cuspiu no meu rosto várias vezes, não me deixava dormir, me xingava em tudo, não me ajudava em nada e sempre só me criticava. Eu aceitava tudo isso porque ela era meu primeiro amor e eu não conseguia ver que tudo isso não era normal.

Em 2007 eu já tinha pós-graduação, dava aulas numa instituição de ensino bem conhecida e como eu era o professor mais sério e que não aceitava nada de errado, quando saíamos em viagens técnicas era eu quem coordenava os ônibus. Numa dessas viagens alguns alunos estava “brincando” de verdade e conseqüência nos fundos do ônibus, eu estava na frente. Como era o responsável pedi para o motorista acender a luz. Pra nossa surpresa tinha um professor (casado) se beijando com uma aluna. O professor foi demitido por justa causa e a aluna expulsa. Como eu era o responsável, fui eu quem apresentou a denúncia junto a instituição. Como nós participávamos de alguns eventos da instituição o tal professor (demitido) conhecia a então minha esposa e,pelo nome acabou descobrindo o MSN dela e começaram a conversar e as conversas começaram a ficar apimentadas, num determinado dia fui mexer no computador dela e encontrei o histórico dessas conversas, chamei ela e mostrei o que tinha visto. Ela chorou pediu perdão, falou que nunca nada passou de conversar, etc. Eu a perdoei, mas, deste evento em diante comecei a perceber a forma com que eu era tratado, comecei a ver que não existia amor da parte dela, quem ama não mal trata tanto. Dia 10 de março de 2010 resolvi desistir de lutar pelo casamento, passei apenas a viver com ela e ela percebeu isso, lembro desse dia porque na época eu estava com 126 kilos e ela falou que não saia comigo porque tinha vergonha de mim. Passei a pensar em mim comecei a praticar artes marciais e em pouco tempo passei a pesar 79 kilos, mas ainda tinha esperança de melhorar o casamento. Ela alegava que não tirava a roupa na minha frente porque devido ter amamentado tinha fica quase sem seios. Em 2012 paguei o implante de próteses de mamas (presente de Dia dos Namorados) pra ver se nossa relação melhoraria, não melhorou em nada. No mês de setembro de 2012 fiz uma vasectomia pra não correr o risco de ter mais um filho com ela e continuar prolongando ainda mais o sofrimento (vi que tudo estava realmente acabado), ela percebeu que desde 2010 eu não tinha mais amor por ela. Dia 24 de abril de 2013 faríamos 16 anos de casados, mas no dia 9 de março deste mesmo ano nos separamos de vez. Eu estava morando há 21 anos no litoral, neste mesmo dia resolvi voltar pra Caçador, deixei tudo pra traz, tudo o que construí ao longo de 16 anos de casamento, o amor, o primeiro amor não existe mais. Chegando em Caçador encontrei uma amiga (também separada) que nos conhecemos quando criança, começamos a sair. Foi maravilhoso! Conhecemos vários motéis da cidade, mas fui bem cafajeste com ela e simplesmente falei: “não quero mais e parei de sair com ela”. Ela me liga sempre querendo sair comigo novamente, conheci outra moça e já fui logo levando ela pra um motel (sem romantismo nenhum). Me liga ainda pra sair novamente. Isso aconteceu com mais duas moças também. Recebo convites pra namorar com mulheres lindas e desprezo, descarto todas. Em 9 de maio encontrei uma moça que resolvi apostar nela, com ela estou sendo romântico, falando coisas lindas e todo aquele romantismo (estou gostando dela) e ela já quase terminou comigo duas vezes em tão pouco tempo. Pergunto a você Lidiane: “Amor de verdade só existe uma vez? Quando solteiro e agora depois de separado com todas as mulheres com as quais sai ou namorei fui cafajeste, elas me procuram e me trataram da melhor forma possível. As mulheres que eu tratei bem não me tratam bem e ficam se fazendo. Por quê a grande maioria das mulheres preferem homem que não prestam, que sejam cafajestes?” Marcelo

Oi Marcelo! Amigo, meu DEUS, como você agüentou tanto tempo sua ex-mulher? Está certo amar, mas tudo tem limite. E eu no seu lugar tinha chutado o balde há muiiiiito tempo. Sua ex-mulher foi horrível com você. Ela conseguiu se superar e ganhar o meu desprezo. Mas sabe Marcelo, tenho comigo, que tudo que a gente faz de bem ou mal, mais cedo ou mais tarde, volta. Não que eu deseje o mal para sua mulher, mas, sem sombra de dúvidas, ela vai pagar todo o mal que fez para você. Pode ser que não pague da mesma forma, mas vai pagar. Pode não pagar nem nesta vida, mas em outras vidas. O acerto de contas um dia vem. Isso é fato!

Sabe Marcelo, hoje de manhã ouvi, na Ana Maria Braga, uma daquelas mensagens que ela sempre lê no início do programa que diz o seguinte: “Eu aprendi que não são as pessoas que nos decepcionam e sim nós que esperamos muito delas.” E é verdade, somos nós que permitimos que a pessoa nos pise, nos humilhe, nos faça de gato e sapato, que nos faça de otário. NÓS, apenas não queremos enxergar o que está estampado em nossa cara. Por isso que quando a ficha cai é que vem a decepção. Não foi a pessoa que deixou cair à máscara, fomos nós mesmos que fechamos os olhos para a realidade e que agora estamos enxergando tudo com mais clareza. Gente, somos nós que temos o poder de comandar nossos sentimentos, nossas emoções. O único problema é que não fomos ensinados a ter domínio, controle desses sentimentos. O próprio médico, psiquiatra e escritor Augusto Cury falou a seguinte frase, outro dia numa palestra aqui no Teatro da Uniarp. “Nossos pais não nos ensinaram as ferramentas básicas para proteger a emoção. Entramos na escola e incorporamos milhões de dados e continuamos despreparados para usar a inteligência de maneira madura, crítica, estável e rica”. Ele completou dizendo: “Parece que nós não temos nenhuma responsabilidade em trabalhar nossa emoção para estruturá-la. O que é um absurdo. Assim como se nutre uma planta, devemos nutrir a nossa emoção. Vi muitos miseráveis morando em palácios. São pessoas que têm seguro de tudo, mas nunca souberam que deviam fazer seguro emocional. Nunca desenvolveram habilidades para ter resistência, manter a maturidade, enfrentar as crises, os pensamentos antecipatórios. Estes pensamentos roubam o prazer de viver. Vivemos em uma sociedade rica em informações sobre o mundo de fora, mas pobre de informações sobre o mundo de dentro”. Compreendeu Marcelo?

Amigo, você não está preparado para lidar com sentimentos, emoções, NEM EU, nem muita gente por aí ESTÁ. Mas, o bom de tudo isso é que estamos ou, pelo menos, estamos tentando evoluir e aprender, mesmo que a duras penas, enfrentar esses períodos de crise, de dificuldade com menos sofrimento. Não é assim mesmo? Quando conseguimos superar algo que nos fez sofrer tanto, vemos tudo com mais clareza. Nos questionamos: “Nossa, por quê sofri tanto por isso ou por aquela pessoa?” Hoje estou tão melhor, tão mais feliz, com uma pessoa muito mais bacana.

Sabe Marcelo, é muito fácil para eu dar os meus ‘pitacos’ no relacionamento dos outros. Quando estamos de fora vemos tudo com mais clareza. Sabe por quê? Porque eu não estou envolvida emocionalmente na relação. Mas quando há sentimento, meu caro, daí o buraco é mais embaixo. Enquanto não superarmos a perda, não conseguiremos enxergar o que está bem embaixo dos nossos olhos.

Mas Marcelo, agora vamos a sua pergunta. No meu ponto de vista não só as mulheres se atraem por homens cafajestes, os homens também se encantam por mulheres que não valem nada. MAS, posso te afirmar que não é sempre assim, acredito que existem homens e mulheres que, quando encontrarem a pessoa certa, vão deixar a ‘galinhagem’ de lado e vão passar a amar e respeitar verdadeiramente uma ÚNICA pessoa. E, essa pessoa, vai corresponder a esse sentimento porque existirá SIM uma sintonia, um amor recíproco de ambas as partes. E isso vai acontecer com você, mas, só quando encontrar a pessoa certa.

E pode acreditar, existe SIM essa história de encontrar a metade da laranja, a tampa da panela, a alma gêmea ou como queiram chamar. Eu encontrei e VOCÊ vai encontrar alguém que você ame e que a pessoa também te ame na mesma intensidade. Mas, não esqueça, tudo há seu tempo. E também não pense que vai encontrar quem você quer e nem no tempo que você quer. É o CARA lá de cima que decide. Amigo, quando encontrar um NOVO GRANDE AMOR você vai lembrar de mim, das minhas palavras. Aí vai me dizer se eu estava certa ou não. OK?

Marcelo, tudo o que acontece em nossa vida são provações. E, acredite, Deus não coloca nenhum desafio em nossa vida que não consigamos suportar. O que precisamos apenas é ter PACIÊNCIA e nunca perder a ESPERANÇA. Pense nisso!

Com carinho,
Lidiane Cattani Rabello - jornalista


Lidiane Cattani

Depois de conversas e conselhos sobre relacionamentos amorosos à amigas, Lidiane passou a publicar essas histórias e opiniões. Os artigos deram tão certo que já são três anos desse trabalho. A participação do leitor e as pautas sobre o assunto são muitas, o que garante boas histórias. A popularidade da coluna se justifica pelo fato dos leitores se identificarem com as situações e pela forma descontraída como a autora conduz as respostas. A maioria dos artigos são apimentados, o que aguça a curiosidade do leitor.

cattanirabello@hotmail.com