.....................................como se sabe, estamos numa sociedade veloz...................................................
Uma cena de filme romântico (e lento) dura no máximo 4 segundos. Você pode marcar o tempo com o pé: 1, 2, 3, 4. 1, 2, 3, 4. Como se fosse música. 1, 2, 3, 4 e troca de plano (de câmera, de personagem, de ângulo, de paisagem). Um exemplo: a abertura de “Meia Noite em Paris” (2011), de Woody Allen. Se pegarmos filmes de ação ou videoclips, o corte é mais frenético. Muitas vezes com menos de um segundo para cada tomada.
No mundo digital, as redes sociais não param de jorrar informação. Posts vão surgindo e descendo infinitamente pela tela. Outro dia, na simpática cidade de Calmon SC, uma criança de 2 anos engatinhou por baixo da escrivaninha e puxou o cabo de energia. Avó e mãe que de distraíam no Facebook levaram um susto:
— Quélo blincá, mamãe! Quélo blincá! — disse a pequenina.
Resta saber se a menina queria brincar com a mãe ou se queria brincar no Face... :D
Então, esta sociedade rápida tende a nos deixar com pressa e ansiedade. Temos que cumprir prazos e ter agilidade. É preciso se atualizar, chegar antes no mundo real e estar presente também no virtual. Contudo, não dá para enlouquecer. As coisas têm o seu tempo. Tudo tem o seu processo. Não posso exigir da semente:
— Cadê o fruto? Vamos lá, semente! Está demorando!
Isso vale para coisas diversas como fazer feijão, pedir pizza ou dar aulas. Alunos também são pequenas sementes. Eles têm uma trajetória a cumprir e barreiras para transpor. Cabe-nos como professores ou gestores de nossas vidas saber o que, quando e como apoiar e exigir. E para exigir temos que dar suporte. A semente precisa de calor e água, para se abrir para o mundo. Precisa ser seduzida pela energia do novo, pelo mistério quente do escuro. Senão ela fica na dela. Dentro da casca.
Por isso, nos cabe prover nutrição e proteção. Estímulos. E ela vai seguir seu caminho de semente em busca de um outro mundo cheio de luz e novas aventuras. Você é assim também. E só chegou até aqui através de fantásticas trocas e processos químico-orgânicos, sócio-históricos, político-psicológicos, filosófico-esportivos, artísticos e amorosos. Respeite, curta e compartilhe o seu processo. E o dos outros. S2.
Rodrigo Espinosa Cabral