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Palavra Andante

Obrigado Neve, Você é Demais!!!


De folga em casa, 3 e meia da tarde, 3 graus lá fora. Olho pela janela e vejo 3 pingos brancos e brilhantes descendo devagar.

“Acho que tá nevando”, falei e minha filha correu para ver. Mas não caiu mais nada. Como continuava empolgado falei para a vizinha que passa na rua:

“Vi três flocos de neve!” Ela responde: “Sérioooo???!” E minha filha completou:

“Não tô vendo nenhum bloco”.

Depois vi mais um floco e postei no Facebook a descoberta. Para aproveitar a folga e acreditando na Natureza, decidimos dar uma volta no friozão. No Parque Central, nada. No alto do bairro dos Municípios, mais frio e nada de neve. Minha filha meio decepcionada com a ausência dos blocos. Voltamos pro centro, para comprar pão.

Não é possível, eu pensava. Com essa atmosfera toda de neve no ar, nas ruas e nas redes sociais. Vai nevar. E, quando saímos da padaria, estava nevando! Eram microflocos leves que balançavam instáveis no ventinho gelado. Ficamos ali na calçada, em meio à dança dos flocos, rindo meio bobos. Ela com seus 5 anos de idade. E eu 39 também. A neve rejuvenesce.

As vendedoras deixavam as lojas e iam espiar da porta aqueles raros visitantes do espaço. Aos poucos fui ficando com os cabelos brancos. Minha filha riu. A neve foi cobrindo parcialmente o teto do carro. Ergui minha filha para ver. Eles caiam e logo derretiam, pelo menos no universo físico. Mas seguem intactos na memória de quem viveu o momento.

À noite, depois das 11 horas, abri a janela para sentir como tava o frio. Contra o poste de luz vi uma chuvarada. “Que estranho, uma chuva sem som. Diferente.” Pensei. “É neve!” falei me dando conta do fenômeno. E foi uma correria na casa. Pegamos casacos, gorro e máquina fotográfica para sentir na rua.

Foi muito legal encontrar a maioria dos vizinhos lá embaixo. Admirados. Faziam bonecos, bolinhas, tiravam fotos e caiam tombos, escorregando no piso congelado. Tudo numa festa espontânea.

Dois aprendizados sobre 22/07/2013:

1) A neve une. Talvez por termos sido acostumados desde pequenos a ver neve pela televisão e imaginar como seria. Pela raridade e brevidade do momento. Quem sabe devido ao seu jeito silencioso e sutil de cair e ir cobrindo a vegetação, as árvores e os telhados.

2) A renovação e a inovação são realmente fundamentais. A chegada dos flocos tirou milhares de pessoas de dentro de suas casas, tarde da noite, zero grau. As fotos estão nas redes sociais, na mídia e no coração das pessoas. Rostos felizes, surpresos. Gente brincando com o frio. Reinventando suas vidas. Mudando em vez de reclamar.

A Natureza sabe das coisas.

Rodrigo Espinosa Cabral


Rodrigo Espinosa Cabral

Rodrigo Espinosa Cabral, brasileiro, vegetariano, gremista. Um pedaço de poeira cósmica que, às vezes, escreve. Palavra Andante, um passeio pelo mundo das letras.

rodrigoec@gmail.com