— Ai amiga, eu tô tão desiludida com ele!
— Mas quem boooom!!!
— Hã? Eu disse que estou desiludida e você acha bom?
— Claro!
— Por quê?
— Que bom que você está desiludida. Qual seria sua alternativa? Ficar iludida? Era isso realmente que você queria? Ficar iludida?
— Sim... Não. Ai, não sei.
— Eu vi numa palestra ótima, duma mulher chamada Dulce Magalhães, que se desiludir é o máximo!
— Sériooo?!
— Olha, eu fiquei assim também no começo, abismada. Mas agora acho que faz sentido. A desilusão tira uma máscara da gente. Essa máscara era confortável, nos protegia um pouco, mas tinha um problema.
— Qual?
— A máscara da ilusão não deixa a gente ver e sentir o mundo do jeito que ele merece.
— Como assim, amiga?
— Quando a gente tá iludido com uma ideia, um carro, um amor... A gente vê o mundo só através dessa emoção. E esquece do resto. Esquece dos amigos, do mundo e de nós mesmos...
— E isso é um ruim, né?
— O mundo é muito mais múltiplo do que esse recorte que fazemos. Ou que fazem com a gente.
— Sei, mas a minha vida era ele... e agora ele se foi!
— GRA-ÇAS-A-DEUS! Agora você tem a sua vida de volta para você!
— Mas o que eu vou fazer agora?
— Vem comigo.
— Aonde?
E partiram em buscas de novas ilusões.
Rodrigo Espinosa Cabral