Túnel, que serve de passagem para o Rio do Peixe,
foi construído no início do século XX
Era início do Século XX, e a ferrovia São Paulo – Rio Grande cortava a mata de Araucárias da região do Contestado. Morros e penhascos tinham que ser vencidos, sem o auxílio de máquinas, apenas nos braços de trabalhadores contratados pela empresa Brazil Railway Company.
Nesta região, muitos destes obstáculos tiveram que ser ultrapassados, haja vista ser um terreno composto por vales, onde existem diversas encostas íngremes. Em um destes locais, um rio, desconhecido para os construtores, tem que ser ultrapassado. Como tratava-se apenas de um córrego, não haveria a necessidade de se fazer uma ponte mas sim, alguma outra alternativa que não oferecesse perigo para a estrada de ferro.

Construção utilizou as mais avançadas técnicas de engenharia da época
Utilizando as melhores técnicas de engenharia da época, um túnel foi construído. Dentro dele, deveria passar o pequenino rio, deixando os pesados trilhos de ferro acima, cerca de 20 metros. Dentro da perspectiva de construção, o túnel foi construído de pedras, arredondado e com cerca de 10 metros de altura por 5 de largura.

Tesser: Túnel deve ter sido construido entre 1908 a 1909
De acordo com o historiador Nelcir Tesser, provavelmente esta construção data de 1908 a 1909, já que o trecho até Caçador foi inaugurado em 1910. “O que deve-se notar é a perfeição da construção, onde as pedras foram colocadas com precisão, sem deixar nenhum espaço entre elas”, destaca o historiador.
O pequeno riacho, que é sobreposto pela estrada de ferro, é o Rio do Peixe, que atravessa a cidade de Caçador. O local onde o túnel foi construído fica a poucos quilômetros da sua nascente, entre Calmon e Matos Costa.

Um pouco antes da construção, um show da natureza no Rio do Peixe
Próximo dali, pode-se notar também que um pequeno morro foi cortado ao meio, para que os trilhos pudessem ser construídos. “É digno de destaque o fato de que não havia máquinas na época da construção da estrada e todo esse espaço foi aberto com a força humana”, enfatiza Tesser.

Trilhos foram construídos sem o auxílio de máquinas e cortaram morros
Ele também destaca que provavelmente, por aquele lugar passaram as pessoas que lutavam na Guerra do Contestado, desde o exército até os rebeldes, pois era um dos caminhos de chegada aos locais de conflito.
“O que mais nos deixa tristes é que tudo isso que aqui vemos está sendo deixado de lado, sem valor nenhum e que dentro de alguns anos, se nada for feito, estará totalmente destruído”, diz Tesser, apontando para os trilhos abandonados.

Abandono é marca registrada em todos os trechos