O verão em Santa Catarina não terá a influência do La Niña.
O resfriamento em parte do oceano não atingiu a temperatura e nem o tempo
necessário para configurar o fenômeno, o que deixa a estação mais quente do ano
longe dos efeitos dele. Para 2025, inclusive, pode haver uma “surpresa” que
ainda pouco se fala: a não formação do La Niña. A última vez que isso aconteceu
faz mais de 20 anos.
Na semana passada, a instituição da Nasa que faz o
monitoramento oceânico-atmosférico afirmou que as chances da La Niña se formar
até o próximo mês são de 59% e que a duração dela será curta, até maio de 2025.
O problema é que para configurar uma La Niña a temperatura precisa ser igual ou
menor a -0,5ºC por cinco meses consecutivos, algo impossível de ocorrer, já que
as leituras da própria Nasa mostram -0,2ºC desde agosto.
É quase unanimidade entre os cientistas que se a formação
ocorrer será rápida e de fraca intensidade. Os modelos indicam o resfriamento,
ainda que tímido, mas com o impacto das mudanças climáticas e outros fatores
meteorológicos e climatológicos, é possível também que a fase de neutralidade
migre para a de El Niño (aquecimento) sem passar pelo La Niña. A última vez que
tal comportamento foi observado ocorreu entre 2002 e 2004, quando um período de
neutralidade de mais de um ano após um El Niño virou um novo aquecimento.
Por enquanto, a temperatura está abaixo de 0ºC e é
considerada neutra para os pesquisadores. A chamada fase da neutralidade,
então, deve continuar ao longo do verão, o que significa uma estação com as
características “normais” para os catarinenses: ondas de calor, trovoadas entre
os finais das tardes e noites, e dias abafados, explica a meteorologista da
Epagri Ciram, Marilene de Lima:
Ou seja, o avanço de sistemas que trazem tanto dias mais
quentes quanto os mais frescos para o verão podem durar por um período maior do
que o habitual.
O que esperar do verão de 2025
Marilene é integrante do Fórum Climático, grupo de
meteorologistas que se reúne mensalmente para fazer a previsão climática dos
próximos três meses. Para o primeiro trimestre de 2025, o encontro desta
quinta-feira (19) avaliou que, como o La Niña não está em cena, a falta de um
sistema de larga escala em atuação exige um acompanhamento de “caso a caso”.
Por ora, os modelos meteorológicos indicam um janeiro mais
chuvoso que a média, especialmente no Litoral — importante considerar que o
primeiro mês do ano é historicamente o que tem os maiores volumes de chuva em
praticamente todas as regiões do Estado.
Para fevereiro e março os modelos de diferentes organizações
internacionais divergem, mas a quantidade de precipitação deve ficar dentro do
esperado, assim como as temperaturas, que são altas por conta da estação.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o El
Niño é o nome dado ao aumento na temperatura da superfície da água no Oceano
Pacífico em um ponto perto do Peru, fazendo ela evaporar mais rápido. O ar
quente sobe para a atmosfera, levando umidade e formando uma grande quantidade
de nuvens carregadas.
Com isso, no meio do Pacífico chove mais, afetando a região
Sul do Brasil, pois a circulação dos ventos em grande escala, causada pelo El
Niño, também interfere em outro padrão de circulação de ventos na direção
norte-sul e essa interferência age como uma barreira, impedindo que as frentes
frias, que chegam pelo Hemisfério Sul, avancem pelo país.
Logo, elas ficam concentradas por mais tempo na região Sul.
O contrário, o resfriamento dessas águas, é chamado de La
Niña. Normalmente, o El Niño perde força, a temperatura no oceano volta ao
“normal” — o chamado período de neutralidade — e gradativamente vai ficando
mais fria, entrando no La Niña. Os efeitos do La Niña para Santa Catarina são o
oposto do outro fenômeno, já que as chuvas caem em menor volume no Estado.
Com informações: NSC