Pouco depois do meio-dia (horário de Brasília) de 11 de
março de 2020, a Organização Mundial da Saúde declarou a Covid, uma pandemia
global. As pessoas lavavam as mãos com frequência, as ruas ficaram vazias e
informações desencontradas levavam ao medo. A pior pandemia em um século havia
começado. Globalmente, a Covid está entre as piores causas de morte desde 1900.
Mais de 7 milhões de pessoas morreram de COVID-19 desde 2020.

Cinco anos depois, o vírus continua a circular. Mas, graças
às vacinas e à imunidade adquirida por meio de infecções, as hospitalizações e
mortes por COVID são muito menos frequentes do que nos anos anteriores.
Em Caçador, mais de 12 mil pessoas com Covid foram atendidas
no Hospital Maice, de 2020 até 2025. O maior número de casos registrados foi em
maio de 2020, quando o hospital ficou completamente lotado.
“Posso dizer que ainda dói na alma pensar nos dois anos de
pandemia. Ainda é assustador pensar e lembrar tudo que a gente viveu. Os piores
momentos foram em 2020. Neste ano, um grupo grande de funcionários, inclusive
eu, pegamos o vírus e ainda não tinha a vacina”, relata a irmã Elizabeth Lima,
diretora do hospital Maice.
Irmã Elizabeth ficou na linha de frente no Hospital, junto
com centenas de colaboradores e viu perto o horror da pandemia. O número
crescente de casos era assustador. “Era assustador acompanhar a morte causada
pela Covid no mundo inteiro. Mas a gente não podia se entregar porque estávamos
cuidando de tantas vidas e mais pessoas adentravam no hospital em busca de
atendimento. Foram momentos terríveis”, recorda.
A rotina no Hospital Maice, assim como em todos os outros
hospitais do mundo era exaustiva. Médicos, enfermeiros, técnicos e outros
funcionários do Hospital faziam semanas inteiras de plantões, ficando direto no
hospital para atender os casos. “Só quem viveu dentro das paredes de um
hospital pode contar o que foi. Eu me emociono só de pensar. Muitos
colaboradores no segundo ano, em 2021, não aguentaram seguir trabalhando, por
exaustão ou por terem ficado doentes. Mas mesmo diante de todas as dificuldades,
a gente não podia se entregar. A falta de funcionários, acabou sobrecarregando
quem ficou no atendimento, mas conseguimos dar conta”, relata.
Hospital lotado e Caçador sem energia elétrica
Durante a pandemia, a cidade de Caçador ficou quatro dias
sem energia elétrica. A luz caiu às 23h31min de sexta-feira, dia 28 de maio de
2021, devido a um tornado que derrubou três torres de transmissão em Campos
Novos. Foram 95 horas sem energia elétrica.
No Hospital Maice, geradores foram instalados para garantir
a energia elétrica, fundamental para garantir o atendimento e o funcionamento
de todos os equipamentos que forneciam oxigênio para os pacientes.
Muitas pessoas da cidade, profissionais de várias áreas
ajudaram o hospital neste momento, incluindo a doação de combustível para os
geradores. Além do gerador próprio do hospital, mais um gerador foi instalado
15 dias antes do apagão. “Os funcionários da manutenção dormiam no setor,
revezando-se nas 95 horas que ficamos sem luz. Verdadeiros guardiões, para que
não faltasse energia, porque muitas vidas estavam dependendo do oxigênio”,
conta a irmã. “Nenhuma vida foi prejudicada por falta de atendimento, por falta
da energia, porque a gente não ficou sem energia em nenhum momento. Viver a
pandemia foi um momento assustador, mas também de gratidão, por contar com
muitas ações de solidariedade”, completa.
Momentos difíceis, superados pela fé e pela dedicação para
salvar vidas
Irmã Elizabeth conta que foram muitos momentos difíceis,
onde haviam pensamentos desesperadores. Mas sempre havia uma palavra de fé e de
motivação para auxiliar e seguir em frente. “A gente saiu desta pandemia mais
fortes, mais resilientes, saímos pessoas melhores. A gente aprendeu a lidar com
o pouco que havia naquele momento. Aprendemos a lidar com as diferenças de
maneira muito incisiva. Aprendemos que o outro é importante e que na situação
de doença, todos somos iguais”.
Ações de solidariedade durante pandemia deixam legado de
esperança
O hospital Maice foi abraçado pela comunidade de toda a
região e do estado, com doações durante toda a pandemia. Foram doações em
dinheiro, de equipamentos, de alimentos, produtos de higiene, voluntários em
orações, entre muitas outras ações. Pessoas, entidades, empresas não mediram
esforços para ajudar o hospital no momento mais necessário.
“Passamos por momentos de muita tristeza, pelas vidas
perdidas com a Covid. Mas vivenciamos também muitos momentos de superação, de
pessoas que conseguiram vencer a doença e ainda, dos gestos de solidariedade,
que nos aqueciam o coração. Então, isso também é um motivo de louvor e gratidão
a Deus. Que nos protegeu, que cuidou da gente. Acreditamos nessa proteção
divina que nos deu força e coragem para a gente fazer o nosso trabalho”,
declara a irmã Elizabeth.
Preparação do hospital e dos profissionais de saúde para
atuar na pandemia
Jovani Luiz Fusieger e equipe, da área de Segurança e Saúde
no trabalho do hospital Maice tiveram uma missão essencial: para preparar os
profissionais da saúde do hospital para atuar na pandemia.
Jovani explica que no começo da pandemia, foi implantada ala
específica para atendimento à covid, organizando equipamentos e fluxos de
atendimentos. A ala covid no Hospital Maice foi criada para os atendimentos
emergenciais.
Ao mesmo tempo, foram intensificados os treinamentos e
orientações sobre o uso dos equipamentos de proteção individual e proteção
coletiva. “Vivenciamos momentos muito difíceis no hospital, com todos os leitos
ocupados, mais casos chegando, afastamento de profissionais. Mas o hospital
conseguiu se organizar muito bem e enfrentar toda a situação, até chegar à
vacina, e os casos irem diminuindo”, explica.
Um lembrete
Há cinco anos, nosso mundo mudou. Se você ainda tomou a
vacina, é melhor tomar. A covid continua sendo uma doença grave hoje em dia,
semelhante a uma versão mais grave da gripe. A vacina, salva vidas!