Na manhã desta segunda-feira, 10, o Grupo de Atuação
Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO), por meio do Grupo de
Investigação de Crimes Cibernéticos (CyberGAECO), com o apoio operacional da
Polícia Civil de São Paulo (PCSP), deflagrou a Operação "Last Bid". O
objetivo da operação - após a identificação de vítimas residentes em Santa
Catarina - é desarticular um grupo criminoso oriundo de São Paulo,
especializado em aplicar o golpe do leilão de veículos.
![](https://www.cacador.net/fotos/noticias25/10022025091607132.png)
Estão sendo cumpridos quinze mandados de busca e apreensão,
expedidos pela Vara Regional de Garantias da Comarca de Caçador/SC, após
requerimento realizado pela 4ª Promotoria de Justiça da Comarca de Caçador, em
endereços ligados aos investigados. A decisão judicial também determinou o
bloqueio e a indisponibilidade de bens, ativos financeiros e criptoativos até o
limite de R$ 299.240,00 (duzentos e noventa e nove mil, duzentos e quarenta
reais), valor correspondente ao prejuízo causado às vítimas.
A investigação teve início em 2023, após um registro de
atendimento na sede do Ministério Público em Caçador/SC. Na oportunidade, a
partir do registro da Notícia de Fato foi instaurado um Procedimento
Investigatório Criminal na 4ª Promotoria de Justiça da Comarca de Caçador e
solicitado apoio técnico do CyberGAECO para condução das investigações.
A vítima que realizou a representação relatou a prática de
crime de estelionato em plataformas virtuais falsas de leilão de veículos com
preços abaixo do valor de mercado.
Foi identificado pelo CyberGAECO que os criminosos criavam
sites falsos, porém muito semelhantes aos sites oficiais de leilões de
veículos, e utilizavam de ferramentas digitais, como anúncios patrocinados e
informações privativas de órgãos oficiais, para atrair compradores e trazer
credibilidade ao negócio. Assim, após a realização do "arremate" e o
recebimento de documentos que transpareciam veracidade, a vítima perdia o
contato com os "administradores" do site e verificava que o carro, na
verdade, pertencia a terceira pessoa alheia ao negócio.
Além disso, após o arremate, caso houvesse alguma reticência
da vítima em efetuar de pronto o pagamento, os criminosos passavam à fase da
coação e da ameaça, inclusive afirmando que as vítimas seriam presas e
processadas criminalmente por não honrarem o arremate realizado em um
"site de leilão oficial do Estado".
Somente no Estado de Santa Catarina, foram identificadas
seis vítimas, resultando em um prejuízo aproximado de R$ 300.000,00, com
indícios de que outras diversas pessoas também podem ter sido lesadas no
Brasil.
Veja como funciona o golpe do leilão virtual:
- Os criminosos criam sites idênticos às plataformas
oficiais de leilão, com logos de instituições públicas e domínios semelhantes
aos leilões virtuais verdadeiros;
- Para dar credibilidade à plataforma falsa, os criminosos
indicam nomes de leiloeiros oficiais, sede em pátios de veículos, criam de
anúncios em sites e ofertam veículos em bom estado com preço abaixo do valor de
mercado;
- A vítima, após ser atraída ao site fictício, cria um
cadastro com envio de documentos de identidade para ativar e habilitar a
realização de lances;
- Após o arremate, criminosos contactam a vítima por
aplicativo de mensagem, parabenizando-a pela compra e repassando as orientações
de pagamento do veículo;
- Na sequência, enviam o Termo de Arrematação, o Recibo de
Compra e Venda e solicitam o pagamento via PIX;
- No caso de a vítima não realizar o pagamento de forma
célere, ameaçam a vítima responsabilização criminal e prisão pela ausência de
pagamento de um veículo arrematado em leilão oficial.
A escolha do nome "Last Bid" reflete, de forma
simbólica, ao próprio golpe aplicado pelos criminosos, já que, com o
"último lance" realizado pela vítima, a compra do veículo era
efetivada e o golpe se concretizava.
A investigação contou com o apoio operacional da Polícia
Civil de São Paulo para cumprimento dos mandados de busca e apreensão nas
cidades em que os alvos foram localizados, bem como para sediar as bases de
apoio.
GAECO e CyberGAECO
O Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações
Criminosas (GAECO) é uma força-tarefa composta, em Santa Catarina, pelo
Ministério Público, Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal,
Polícia Penal, Receita Estadual e Corpo de Bombeiros Militar, e tem como
finalidade a identificação, prevenção e repressão às organizações
criminosas.
O CyberGAECO é uma força-tarefa especializada, inserida na
estrutura do GAECO, para identificar, buscar prevenir e reprimir infrações
penais praticadas especialmente em ambientes virtuais.
Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social do MPSC