Proditor (traidor em latim). Foi este o nome dado pela Polícia Civil de Santa Catarina à operação desencadeada neste sábado, 23, em Caçador, com o objetivo de combater o tráfico de drogas. Os detalhes da ação, que resultou em 30 prisões - sendo quatro policiais militares uma advogada e um agente prisional - foram repassados em entrevista coletiva ao meio dia deste sábado, pelo delegado da DIC – Divisão de Investigações Criminais de Caçador, Daniel Forte Régis Sá.
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A ação começou ainda na madrugada com contou com mais de 150 policiais, quase 60 viaturas e sete cães de faro resultando no cumprimento de mais de 30 mandados de prisão e 35 mandados de busca, em Caçador, Curitibanos e Lebon Régis.
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Os acusados serão ouvidos e encaminhados ao Presídio Regional de Caçador. Os policiais militares foram levados à Florianópolis e estão recolhidos no comando da PM. A advogada está na sede da DEIC – Divisão Estadual de Investigações Criminais, e o agente prisional no DEAP – Departamento Estadual de Administração Prisional, também em Florianópolis.
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O delegado Daniel Régis explicou que trata-se de uma quadrilha altamente articulada. Ele preferiu não divulgar os nomes dos envolvidos. Mais informações em breve.
Foram apreendidos na operação três revólveres, munições, 10 celulares, quatro câmeras digitais, cinco veículos (Vectra, Honda Civic, Pálio, Corsa e Golf), cocaína, crack e vários relógios. Foram 22 prisões em Caçador, uma em Curitibanos e as demais em Lebon Régis.
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Como agia a quadrilha
O delegado Daniel Régis classificou a quadrilha como altamente articulada. Segundo ele, as investigações iniciaram há nove meses. “Essa operação é resultado de investigação a partir de outras várias prisões na região. Já havíamos prendido o fornecedor da droga, em Balneário Camboriú há aproximadamente 40 dias, Jeanderson Alves dos Santos, os que repassavam para o consumidor final, e agora todos os demais envolvidos no esquema”, explica.
Adelita Aparecida Régis, viúva de Eloir Carlos Milani (morto pela Polícia em agosto do ano passado), é apontada como quem trazia a droga do litoral norte de Santa Catarina. Ela também foi presa na operação. Adelita distribuía o entorpecente na região, e era acobertada pela sua advogada, que mantinha contato com os policiais militares.
“A advogada exercia papel de comando paralelo do esquema, pois era responsável por viabilizar o negócio e garantir a segurança dos integrantes da quadrilha. Quando havia brigas entre eles, por exemplo, ela agia entrando em contato com os policiais militares e pedindo a prisão dos membros insatisfeitos”, esclarece o delegado.
Outra função da bacharel era avisar quando traficantes de fora vinham até Caçador para cobrar dívidas de Adelita, para que os policiais dessem proteção, realizando abordagens e até prisões. “Além disso, os policiais também faziam escoltas quando alguém viajava para buscar droga, e recebiam dinheiro por isso”, completa Régis.
Quanto à participação do agente prisional, o delegado informou que ele estava envolvido com uma ex-mulher de um traficante que está preso em São Pedro de Alcântara.
Comando da PM
O comandante do 15º Batalhão da Polícia Militar de Caçador, coronel Yukio Yamaguchi, também esteve presente na coletiva de imprensa. Ele teve acesso às investigações a cerca de 90 dias, e afirmou que o desfecho da operação foi satisfatório.
“Acompanhamos essa situação e certamente os policiais envolvidos em irregularidades serão processados e responderão por seus atos. Eles trabalhavam de uma forma bastante ativa, inclusive na prisão de traficantes, mas por trás desse pano existia toda uma tramoia envolvendo a proteção e o favorecimento ao tráfico de drogas”.
Crimes que os membros da quadrilha estão sendo investigados
- Tráfico de drogas
- Associação ao tráfico
- Lenocínio, manter casas de prostituição
- Rufanismo, lucrar com prostituição
- Formação de quadrilha armada
- Fraude processual
- Tentativa de Latrocínio
Por fim, o delegado Daniel Régis disse que o inquérito policial deverá ser concluído em até 30 dias, podendo ser prorrogado por mais 30. “Vamos fazer de tudo para agilizar os depoimentos e encaminhar o processo o mais rápido possível ao poder Judiciário”.