O homem que morreu após detonar explosivos próximo ao
Supremo Tribunal Federal (STF) alugou uma casa em Ceilândia, no Distrito
Federal. A região fica a 30 km da Praça dos Três Poderes. A
polícia fez buscas no local na madrugada desta quinta-feira, 14.
O porta-voz da PMDF, Raphael Van Der Broocke, informou, na
manhã desta quinta-feira, que foram encontrados artefatos explosivos na casa.
Eles são do mesmo tipo dos usados em frente ao STF, ainda de acordo com o
militar.
Testemunhas relataram duas explosões na noite desta
quarta-feira, 13. Momentos antes, outras explosões aconteceram em um carro
que estava no estacionamento do Anexo IV da Câmara dos Deputados.
O carro está no nome de Francisco Wanderley Luiz, de 59
anos, segundo o delegado-geral de Santa Catarina, Ulisses Gabriel. O
boletim de ocorrência da Polícia Civil do DF confirma que o homem que morreu é
o dono do carro.
O deputado federal Jorge Goeten (Republicanos) disse que “Tio
França” é de Rio do Sul e é seu conhecido desde a infância, tendo como
atividade principal a realização de eventos (baladas). “Esteve comigo há algum
tempo e notei que estava abalado, talvez com problemas mentais”, completou o
parlamentar.
Até a última atualização desta reportagem, o corpo dele não
havia sido retirado do local por questões de segurança e para preservar provas,
segundo a Polícia Militar. A Praça dos Três Poderes está interditada para
a circulação de carros.
O que se sabe sobre o caso:
Por volta das 19h30 desta quarta, um carro explodiu no
estacionamento que fica entre o STF e o Anexo IV da Câmara dos Deputados. No
porta-malas, havia fogos de artifício e tijolos.
O veículo tem placa de Rio do Sul, no Vale do Itajaí, em
Santa Catarina. O dono é Francisco Wanderley Luiz, que foi candidato a
vereador pelo PL nas eleições municipais de 2020 e não se elegeu (ele teve 98
votos naquela disputa). Segundo a Polícia Civil, ele alugou uma casa em
Ceilândia, no Distrito Federal, dias atrás.
Cerca de 20 segundos após o episódio no estacionamento, um
homem morreu em uma outra explosão, ocorrida na Praça dos Três Poderes (que
fica entre o STF, o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto). Até a última
atualização desta reportagem, o corpo não havia sido retirado do local.
Segundo o Boletim de Ocorrência da Polícia Civil, a vítima
da explosão foi identificada como sendo Francisco Wanderley Luiz, o
proprietário do veículo que também explodiu no estacionamento entre o STF e o
Anexo IV da Câmara dos Deputados.
Antes da explosão em frente ao STF, o homem tentou entrar no
prédio. Ele jogou um explosivo embaixo da marquise do edifício, mostrou
que tinha artefatos presos ao corpo a um vigilante, deitou-se no chão e
acionou um segundo explosivo na nuca.
Em um relato à Polícia Civil, um segurança do STF afirmou
que o homem estava com uma mochila, de onde tirou uma blusa, alguns artefatos e
um extintor. A blusa foi lançada na estátua em frente ao Supremo. Quando o
segurança tentou se aproximar, o homem "abriu a camisa" e o segurança
viu algo semelhante a um relógio digital, acreditando ser uma bomba. Dois ou
três artefatos foram lançados pelo homem e estouraram. Depois, ele se deitou no
chão, acendeu o último artefato e colocou na cabeça como um travesseiro.
No Boletim de Ocorrência, também consta que o homem
compartilhou mensagens pelo aplicativo WhatsApp que antecipavam o que aconteceu
na Praça dos Três Poderes, "manifestando previamente a intenção do autor
em praticar o autoextermínio e o atentado a bomba contra pessoas e
instituições".
O esquadrão antibombas foi ao local para fazer uma varredura
e verificar a existência de mais explosivos nos arredores, inclusive em
veículos e no corpo do homem que morreu.
No momento do incidente, estavam ocorrendo sessões de
plenário na Câmara e no Senado, que foram suspensas.
A sessão do STF já tinha terminado, e ministros e
servidores foram retirados em segurança.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não estava
mais no Planalto – e não houve ordem para evacuar o prédio. A segurança do
palácio vai ser reforçada com integrantes do Exército.
Depois do episódio, ele se reuniu com os ministros do STF
Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin no Palácio da Alvorada. O diretor-geral
da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, também foi à residência
presidencial.
A PF abriu inquérito para apurar as explosões, que será
enviado a Alexandre de Moraes.
Testemunhas relataram que "o barulho foi muito
alto" e que viram "o pessoal correndo".
Com informações e fotos: g1