Uma suspeita infundada resultou em um homicídio brutal em
Monte Carlo, no Meio-Oeste, em 30 de abril de 2023. Naquela madrugada, um
adolescente de 17 anos teve a vida ceifada após ser ligado erroneamente ao
tráfico de drogas. O fato gerou grande comoção social. Mais de um ano depois,
um homem foi julgado e condenado com base na denúncia do Ministério Público de
Santa Catarina (MPSC).
Segundo as investigações, ao deduzir que a vítima pertencia
a uma facção criminosa rival, ele ordenou que outros dois adolescentes a
conduzissem a uma casa abandonada e a agrediu dentro de um banheiro,
causando-lhe vários ferimentos que se agravaram devido à hemofilia, uma doença
genética que altera o processo de coagulação do sangue. Na sequência, o réu
mandou que os adolescentes a levassem para um lugar afastado e a matassem.
Horas depois, ele foi até o local conferir se a ordem havia
sido cumprida e percebeu que a vítima ainda estava viva, então consumou o
homicídio com golpes de objeto perfurocortante que atingiram a cabeça, o
pescoço, o tórax, o abdômen, o braço direito e o dorso.
Ele foi denunciado por três crimes distintos: uma tentativa
de homicídio, um homicídio e corrupção de menores. A sessão do Tribunal do Júri
aconteceu na última sexta-feira, 26, no fórum de Fraiburgo, sede da comarca. A
Promotora de Justiça do MPSC apresentou as provas coletadas pelos órgãos
investigativos e desmantelou a tentativa da defesa de minimizar os efeitos do
crime.
Os jurados acolheram integralmente a denúncia, e a pena foi
fixada em 38 anos e oito meses de reclusão em regime inicial fechado. Após a
leitura da sentença, o réu foi reconduzido ao Presídio Regional de Videira para
o cumprimento da sentença e não poderá recorrer em liberdade. Os dois
adolescentes envolvidos estão cumprindo medidas socioeducativas.
Qualificadoras
O réu empregou três qualificadoras no homicídio: o motivo
torpe (matou devido a rivalidade entre facções criminosas); o meio cruel
(provocou sofrimento desnecessário ao desferir golpes com objeto
perfurocortante); e recurso que dificultou a defesa (atacou uma pessoa
altamente debilitada). Todas elas foram reconhecidas pelos jurados, o que pesou
no cálculo final da pena.